Duas exposições para mostrar que o Douro “é paisagem com arquitectura dentro”

Esta sexta-feira, 6 de Setembro, o Porto recebe duas exposições sobre a arquitectura duriense: uma no metro da Trindade e outra no Mira Fórum.

Arquitetura
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Os socalcos brancos do Centro de Alto Rendimento do Pocinho, em Vila Nova de Foz Côa, fazem crescer atletas. O edifício valeu, em 2017, o galardão a Álvaro Fernandes Andrade. Miguel Coelho
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O Museu de Arte e Arqueologia do Vale do Côa, projectado pelos arquitectos Camilo Rebelo e Tiago Pimentel, venceu o prémio na edição de 2013/2014. Miguel Coelho

Se, em Agosto, a arquitectura duriense desceu o país para uma exposição na estação de metro do Chiado, em Lisboa, Setembro fá-la voltar até bem perto da sua origem. A partir desta sexta-feira, 6 de Setembro, tanto os cinco vencedores do Prémio Arquitectura do Douro como os projectos distinguidos com menções honrosas no concurso terão lugar de destaque no Porto. É uma enfatização dupla: às 18 horas é inaugurada a exposição na estação de metro da Trindade e, mais tarde, às 21h30, o Mira Fórum abre portas para os edifícios distinguidos, “num olhar retrospectivo”.

O caminho pode articular-se entre um e outro local, mas cada um acolhe aquela exposição com uma abordagem diferente. Manuela Matos Monteiro, curadora da mostra e directora do Mira Fórum, explica: “Valorizamos a extensão das nossas exposições, sempre que possível, para espaços urbanos onde se cruzam, diariamente, milhares de pessoas.” E, tal como no metro do Chiado, acontece o mesmo na estação da Trindade. Por isso, e até ao final do mês, a intenção é mesmo “interromper a rotina para que se aprecie o que há no Douro”, desafia. A curadoria da exposição (que, na verdade, se transforma em duas) também esteve ao encargo de João Lafuente, que partilha a direcção do Mira Fórum com Manuela.

“Há aquela imagem icónica do Douro dos socalcos e do rio, mas queremos levar para este espaço [o metro da Trindade] o que se faz de tão bom na arquitectura, que se mistura com a paisagem”, conta. Por isso, a curadora espera que a calmaria impere quando os olhares se desviarem para as fotografias que ali estarão expostas.

“A fotografia de arquitectura é especial. Na Trindade queremos que as pessoas reconheçam o Douro e acrescentem uma informação que geralmente não têm. E achamos este desafio estimulante por causa da diversidade de premiados: uma adega tem tanta dignidade quanto um museu ou uma capela”, reflecte Manuela. A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) refere que a exposição no Mira Fórum pode servir, “sobretudo, para os amantes de fotografia terem uma perspectiva da fotografia de arquitectura”. Como inspiração terão as imagens de Miguel Coelho e Luís Ferreira Alves.

A curadoria, feita a quatro mãos, é dos diretores do Espaço Mira, Manuela Matos Monteiro e João Lafuente Mira Fórum
Em Sabrosa, o Armazém da Quinta do Portal, com a assinatura de Siza Vieira, tem "condições ideais para um envelhecimento lento e adequado" do vinho do Porto e dos moscatéis. Venceu o prémio em 2011. Miguel Coelho
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A curadoria, feita a quatro mãos, é dos diretores do Espaço Mira, Manuela Matos Monteiro e João Lafuente Mira Fórum

Ainda assim, toda a gente é bem-vinda a ambos os espaços. “É bom termos esta diversidade de edifícios premiados e de público. Agrada-nos muito esta diversidade e confluência, que são muito enriquecedoras”, diz Manuela. Para a curadora da exposição e directora do Mira Fórum, o Prémio Arquitectura do Douro “é exemplar”, ajudando a desmistificar a ideia de que “a boa arquitectura existe apenas nas cidades”. “Estes edifícios premiados habitam a paisagem de forma harmoniosa. Iniciativas como esta noutras zonas do país seriam muito benéficas.” E, como afirma Manuela, o Douro “é paisagem com arquitectura dentro” — e a arte ajuda a olhar sítios como aquela região “de outra forma”. 

O prazo para a submissão de candidaturas para o concurso termina a 30 de Setembro. Até lá, podem concorrer projectos que apresentem “boas práticas do exercício da arquitectura realizadas na região após a inscrição do Alto Douro Vinhateiro da Lista do Património Mundial da UNESCO”, que aconteceu em 2001.

Apoiado por Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte.

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