Alexander transforma em arte o lixo que recolhe nas praias da Ericeira

“Para mim, o lixo é um material para trabalhar e para criar uma mensagem para reduzir, reciclar e reutilizar”, explica o alemão Alexander Kreuzeder.

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Há muito plástico nas esculturas de Alexander Kreuzeder. Todo apanhado nas praias. LUSA/TIAGO PETINGA
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Grande parte do lixo que usa é oriundo da pesca. LUSA/TIAGO PETINGA
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Parte do lixo que o mar despeja nas praias da Ericeira, no concelho de Mafra, durante as tempestades de Inverno, é recolhido por Alexander Kreuzeder para o transformar em arte. “Para mim, o lixo é um material para trabalhar e para criar uma mensagem para reduzir, reciclar e reutilizar e para outras pessoas verem que poderemos construir objectos bonitos a partir do lixo”, refere à agência Lusa.

Desde 2015 que este artista alemão percorre o mundo a consciencializar o planeta para que “mantenha o oceano limpo”. Há cinco anos, decidiu fixar-se na zona da Ericeira, no distrito de Lisboa, para surfar as ondas da única reserva de surf da Europa, mas também para desenvolver o projecto de educação pela arte da associação internacional Skeleton Sea, de que é um dos fundadores.

“Os surfistas passam muito tempo na água, sentem que a poluição nos oceanos está a aumentar e daí este projecto”, afirma, defendendo que “é urgente mudar os hábitos diários”.

Através da associação, promove todo o ano, mas sobretudo de Inverno, acções de limpeza das praias, envolvendo escolas, e organiza oficinas, onde as crianças aprendem a separar os resíduos recolhidos e a transformá-los em brinquedos ou objectos de arte. “Em Portugal, encontramos montanhas de lixo nas praias no Inverno, aquando das grandes tempestades”, refere.

Grande parte desse lixo é oriundo da pesca, como bóias, caixas térmicas e redes, descreve, alertando que as artes de pesca “são prejudiciais à vida marinha”, uma vez que animais como as tartarugas e os golfinhos ficam presos e acabam por não sobreviver.

Ao lixo da pesca, junta-se o doméstico, de que são exemplo as embalagens de plástico e os cotonetes: “Quando pensamos que a praia está limpa, aparecem a todo o momento”, frisa.

Com os mais variados resíduos, este artista já criou cerca de meia centena de peças de arte, que se encontram espalhadas por todo o mundo, e está a coleccionar cotonetes para vir a construir uma nova peça. “Tenho talvez uns 10 mil neste momento, mas preciso de muitos mais, porque são pequenos e quero construir uma grande peça”, explica o artista.

Entre as suas peças há um cavalo-marinho de dois metros, construído a partir de restos de cordas e de embalagens de plástico, assim como um enorme golfinho, feito a partir de restos de fatos de surf e dos sacos das pranchas.

Restos de cordas serviram-lhe já para construir um polvo, com mais de metro e meio de diâmetro, enquanto com tubos de plástico deram forma a um tubarão em tamanho real.

Com paus e troncos de madeira criou outro golfinho e outro tubarão e com pedaços de sacos de plástico de diferentes cores construiu uma pequena ave.

Existem também aves esculpidas nas rochas do mar ou construídas com cotonetes e esferovite, um quadro com ossos de um animal marinho, uma peça em ferro com sardinhas e uma cabeça de cavalo feita com paus e troncos de madeira.

As peças são cedidas ou vendidas sobretudo para exposições temporárias ou permanentes, como a que se encontra a decorrer no Oceanário de Lisboa.

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