China contra-ataca EUA e ameaça retaliar na guerra comercial

Autoridade chinesas dizem que “não têm outra opção que não seja tomar as medidas necessárias para retaliar” as taxas dos EUA sobre 300 mil milhões de dólares de produtos chineses.

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Reuters/Kevin Lamarque

A China divulgou, esta quinta-feira, num curto comunicado, a sua mais recente posição pública na guerra comercial que tem vindo a travar com os Estados Unidos. Depois de a Casa Branca ter anunciado que iria adiar a aplicação do novo pacote de taxas sobre produtos chineses, sem desistir da iniciativa, as autoridades chinesas contra-atacaram e esclareceram que “não temos outra alternativa que não seja tomar as medidas necessárias para retaliar”. No entanto, não especificaram que retaliações poderão estar em causa.

O presidente Donald Trump anunciou novas taxas no início deste mês sobre produtos chineses num montante global de 300 mil milhões de euros, tendo desencadeado uma resposta imediata da China, que suspendeu a compra de produtos agrícolas americanos e permitiu que o yuan enfraquecesse. Os mercados financeiros aceleraram as perdas que têm vindo a apresentar este ano, como reacção a este agudizar das tensões comerciais entre os dois colossos económicos.

As autoridades de Pequim consideraram que esta nova vaga de taxas anunciada por Trump viola os termos dos acordos negociados com o presidente chinês Xi Jinping. Ainda assim, apesar das ameaças de retaliação, os principais negociadores técnicos continuam em contacto, tendo levado os EUA a adiar mesmo a entrada em vigor das novas taxas, de 1 de Setembro para 15 de Dezembro. Os contactos vão continuar nas próximas semanas e fontes contactadas pela Bloomberg admitem que um encontro presencial em Setembro, nos EUA, continua em cima da mesa.

Segundo Zhou Xiaoming, antigo ministro do Comércio chinês e actual diplomata, citado pela Bloomberg, a China está irredutivelmente contra a imposição destas taxas e que a retaliação “pode não ficar limitada” a aplicação das suas próprias taxas. O director do Times Global, jornal do partido comunista chinês, Hu Xijin, sublinhou, por seu turno, que duvida “que a China retome a aquisição em massa de produtos agrícolas dos EUA nas actuais circunstâncias”, apelando a que os EUA cumpram o acordo consensualizado em Osaka, no passado mês de Junho.

Antes do comunicado de Pequim, Trump já havia referido, na rede social Twitter, que o presidente chinês deveria fazer tudo o que fosse possível para resolver a crise em Hong Kong de forma “humanista”, sob pena de sofrer novas punições comerciais.

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