Voos cancelados em Hong Kong pelo segundo dia consecutivo

Manifestantes voltaram ao aeroporto no dia em que a chefe do executivo avisou que a “violência” vai “empurrar Hong Kong para um abismo e mergulhar a sociedade numa situação preocupante e perigosa”.

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O aeroporto de Hong Kong cancelou todas as partidas na tarde desta terça-feira, na sequência de mais uma concentração pacífica de manifestantes no terminal. Pelo segundo dia consecutivo, os manifestantes conseguiram assim paralisar o oitavo aeroporto internacional mais frequentado do mundo, protestos que surgem depois de a líder do executivo ter apelado à calma e advertido que a violência das manifestações pró-democracia vai levar o território para um abismo.

“A violência (…) vai empurrar Hong Kong para um abismo e mergulhar a sociedade de Hong Kong numa situação preocupante e perigosa”, afirmou Carrie Lam, em conferência de imprensa, no quinto dia consecutivo de protestos. 

A líder do Governo acrescentou que o território está “gravemente ferido” e que vai levar “muito tempo a recuperar”, pedindo que “todos coloquem as diferenças de lado e se acalmem”. “Pensem por cinco minutos, pensem na nossa cidade, querem realmente que seja empurrada para o abismo?”, questionou Lam, com lágrimas nos olhos.

O apelo de Lam surgiu um dia depois de protestos sem precedentes desde a transferência de soberania do Reino Unido para a China, em 1997, com concentrações pacíficas no aeroporto para chamar a atenção dos viajantes para o que consideram ser a violência desproporcionada da polícia na repressão dos protestos.

O encerramento do aeroporto foi decidido pela primeira vez na segunda-feira e no momento em que o Governo central chinês afirmava ver “sinais de terrorismo” na contestação que agita a região administrativa especial chinesa, desde o início de Junho.

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Novos protestos no aeroporto de Hong Kong, esta terça-feira Issei Kato/REUTERS

As declarações de Pequim representaram uma nova escalada na crise política. Num comentário publicado nesta madrugada, a agência de notícias oficial chinesa Xinhua considerou que o futuro de Hong Kong atravessava “um momento crítico”, enquanto dois meios de comunicação do Partido Comunista Chinês, Diário do Povo e Global Times, difundiram dois vídeos que mostravam veículos de transporte de tropas a dirigirem-se, alegadamente, para a zona económica especial chinesa de Shenzhen, adjacente a Hong Kong.

A contestação social foi desencadeada pela apresentação de uma proposta de alteração à lei da extradição, que permitiria ao Governo e aos tribunais da região administrativa especial a extradição de suspeitos de crimes para jurisdições sem acordos prévios, como é o caso da China continental.

A proposta foi, entretanto, suspensa, mas as manifestações generalizaram-se e reivindicam agora medidas para a implementação do sufrágio universal no território, a demissão da actual chefe do Governo, uma investigação independente à violência policial e a libertação dos detidos ao longo dos protestos.

A transferência de Hong Kong e Macau para a República Popular da China, em 1997 e 1999, respectivamente, decorreu sob o princípio de “um país, dois sistemas”, precisamente o que os opositores às alterações da lei garantem estar agora em causa.

Para as duas regiões administrativas especiais da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, sendo o Governo central chinês responsável pelas relações externas e defesa.

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