Moody’s sinaliza possível subida de rating nos próximos meses

Agência de notação financeira elevou perspectiva atribuída ao rating português de “estável” para “positiva”. Taxas de juro da dívida podem sair beneficiadas. Agência diz que banca portuguesa está mais “robusta”

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Reuters/FRANCOIS LENOIR

A agência de notação financeira Moody’s anunciou esta sexta-feira que passou de “estável” para “positiva” a perspectiva em relação ao rating atribuído a Portugal, no mais recente sinal positivo para a evolução das taxas de juro da dívida pública nacional nos mercados.

Numa nota publicada à noite, a seguir ao fecho dos mercados em Nova Iorque, a Moody’s mantém a classificação Baa3 que atribui desde Outubro de 2018 à dívida portuguesa, mas ao elevar a perspectiva para “positiva”, sinaliza que poderá proceder a uma melhoria no rating durante os próximos meses - provavelmente dentro de seis meses quando se pronunciar novamente sobre Portugal.

Neste momento, a Moody’s é, entre as três maiores agências de rating internacionais – Moody’s, Standard & Poor’s e Fitch – a que atribui uma classificação mais baixa a Portugal. O rating Baa3 fica apenas um grau acima do nível “lixo”, enquanto as duas outras agências já colocam Portugal dois graus acima de “lixo”.

Se a subida de rating se vier a concretizar, Portugal pode, na lista das notas atribuídas pela Moody’s, ultrapassar a Itália que, em Outubro de 2018, em sentido inverso ao de Portugal, viu o seu rating baixar para Baa3.

Na nota publicada, a Moody’s explica que a subida de perspectiva agora realizada é justificada essencialmente por dois factores. Primeiro, a descida a um ritmo mais acelerado do peso da dívida pública do que o anteriormente estimado, com reduções adicionais previsíveis nos próximos três a quatro anos. “A Moody’s estima agora que o peso da dívida pública caia para [um rácio] abaixo de 110% do PIB em 2022”.

O segundo factor, diz a agência de notação financeira, é a perspectiva de uma melhoria adicional e sustentável do estado de saúde da banca portuguesa. “Enquanto algumas instituições continuam a ter impacto nas finanças públicas, o sistema [financeiro], no seu todo, está a tornar-se mais robusto”, diz a Moody’s. Porque aumentou a sua capacidade de suportar perdas e porque os “non-performing loans” (crédito mal parado), embora se mantenham elevados, continuam a diminuir nos balanços dos bancos​ .

O reforço da expectativa em relação a uma nova subida de rating deverá, como já aconteceu no passado, representar um impacto positivo na evolução das taxas de juro da dívida pública portuguesa. Os ratings atribuídos a Portugal pelas agências internacionais são usados pelos investidores como uma avaliação do risco que correm ao adquirir títulos de dívida pública portuguesa.

Por isso, é normal que, sempre que Portugal vê o seu rating elevado por alguma das grandes agências, as taxas de juro registem uma pressão descendente. Isso foi principalmente notório quando o que esteve em causa foi a saída de Portugal do nível “lixo”.

Actualmente, as taxas de juro da dívida portuguesa estão a níveis mínimos históricos, aproximando-se mesmo de zero no caso das obrigações a 10 anos. Nas últimas semanas, a perspectiva de novas medidas expansionistas por parte do BCE fez com que a tendência de descida das taxas de juro portuguesas se acentuasse, podendo agora a Moody’s ajudar ainda mais.

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