Oito quilos, olhos azuis: pela primeira vez em 100 anos, nasceu um lince-euroasiático nos Pirenéus

O lince nasceu no final de Maio. O exemplar é a primeira cria de dois linces já adultos que vivem na reserva desde 2008 e que nasceram em cativeiro num jardim zoológico da Galiza.

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O exemplar de lince euro-asiático nascido em Maio FUNDACIÓ CATALUNYA LA PEDRERA

O primeiro exemplar de lince-euroasiático (Lynx lynx) a nascer nos Pirenéus catalães em 100 anos foi esta semana apresentado ao público pelo Centro de Recuperação da Vida Selvagem de MónNatura Pirineus, um programa da Fundação Catalunya La Pedrera inaugurado em 2002.

O lince, baptizado com o nome do centro (MónNatura Pirineus), já nasceu no final de Maio, mas a notícia só agora foi divulgada pela fundação que esteve a acompanhar o estado de saúde da cria. O exemplar, que pesa oito quilos e tem olhos azuis, nasceu de surpresa e tem como pais dois linces já adultos que vivem na reserva desde 2008 e que nasceram em cativeiro num jardim zoológico da Galiza.

Em comunicado, o director do Departamento do Território e do Meio Ambiente da Fundação Catalunya La Pedrera destacou a importância que este nascimento pode ter para a reintrodução da espécie. Miquel Rafa explicou que este lince vai fortalecer o trabalho de educação ambiental que é feito neste centro, que tem uma “função ecológica” nos Pirinéus e onde existem outras espécies de animais como abutres de barba, patos, veados e raposa, entre outros. No Facebook, a fundação divulgou um vídeo onde é possível ver tanto a cria como os seus pais no seu habitat.

O lince euro-asiático, também conhecido como lince europeu, foi incluído na lista de animais em vias de extinção em Espanha, publicada há quase um ano no Diário Oficial do Estado do Governo espanhol. Das quatro espécies conhecidas de lince, esta é a de maiores dimensões. A pelagem é castanha-amarela, com um padrão de pintas negras que se concentram nos membros e estão mais dispersas na região dorsal. Os linces apresentam tipicamente cauda curta, tufos de pelo em cada lado da face e tufos negros na extremidade de cada orelha. O lince-euroasiático pode chegar aos 30 quilos e medir, do focinho até a cauda, cerca de 130 centímetros.

Segundo a Lista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN), a subespécie está classificada como “pouco preocupante”, ou seja, não está em risco de extinção ainda que tenha deixado de existir em Espanha. A IUCN estima que a população do lince europeu (excluindo a Rússia e a Bielorrússia) esteja entre os 9000 e os 10.000 exemplares. 

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Um exemplar adulto da espécie Jardim Zoológico de Lisboa

De acordo com o Jardim Zoológico de Lisboa, a espécie está quase extinta na Europa Ocidental e Central. Está ameaçada sobretudo pela caça para o comércio da pele, diminuição do habitat e das suas presas naturais. Esta espécie está também incluída no apêndice II da CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies da Fauna e da Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção).

Também este ano, o lince-ibérico passou de criticamente ameaçado para ameaçado de extinção. Poderá ser espécie vulnerável em poucos anos e perder o estatuto de ameaçado dentro de décadas, graças à reintrodução de exemplares na Península Ibérica, admitiu em Maio um especialista do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF). Actualmente, o ICNF estima que a população de lince-ibérico a viver na natureza em Portugal seja constituída por 75 animais, espalhados pelos concelhos de Mértola, Serpa, Castro Verde e Almodôvar, no distrito de Beja, no Alentejo, e Alcoutim, no distrito de Faro, no Algarve.

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