Dois tiroteios em menos de 24 horas matam mais de 30 pessoas

Oito dias, quatro tiroteios, 34 vítimas mortais e dois atiradores abatidos. Estados Unidos vivem semana trágica. Só este ano houve 32 tiroteios em massa.

2019 tiroteio de El Paso
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Morreram 20 pessoas em El Paso, Texas Reuters/JOSE LUIS GONZALEZ
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Morreram 20 pessoas em El Paso, Texas Reuters/JOSE LUIS GONZALEZ
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Morreram 20 pessoas em El Paso, Texas Reuters/SOCIAL MEDIA
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Morreram 20 pessoas em El Paso, Texas Reuters/Social Media

Uma “caótica, mas muito familiar cena de carnificina”: era assim que o Washington Post descrevia o ambiente no supermercado da cadeia Walmart de El Paso, estado do Texas, depois do massacre que fez 20 mortos neste sábado. Os tiroteios e ataques armados são frequentes nos Estados Unidos, onde o acesso a armas de fogo é facilitado em vários estados.

Horas depois da tragédia de El Paso, que está a ser investigada como um possível crime de ódio (as autoridades encontraram um manifesto anti-imigração cuja autenticidade e autoria estão a ser analisadas), um homem abriu fogo no centro da cidade em Dayton, estado de Ohio, na madrugada deste domingo. Pelo menos nove pessoas foram mortas no tiroteio. O atirador foi abatido pela polícia. 

É o quarto tiroteio no espaço de uma semana nos Estados Unidos. No domingo passado, três pessoas morreram e 15 ficaram feridas na cidade de Gilroy, estado da Califórnia, durante um festival gastronómico. O atirador foi abatido pelas autoridades.

Na terça-feira, um homem matou dois colegas de trabalho e deixou um polícia ferido num supermercado da cadeia Walmart em Southaven, estado do Mississippi

De acordo com o jornal norte-americano New York Times, já ocorreram este ano pelo menos 32 tiroteios com três ou mais vítimas nos Estados Unidos. É este o número de vítimas a partir do qual o Departamento de Justiça norte-americano passa a classificar um incidente como “tiroteio em massa”. 

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O massacre em El Paso, numa loja da Walmart, é também tristemente simbólico, descreve o Washington Post. O estado do Texas é um dos que permite porte de armas de fogo no espaço público. A Walmart é uma das maiores vendedoras de armas de fogo e tem estado sob pressão para limitar a venda de armas. No ano passado, a cadeia anunciou que mudaria a idade mínima para comprar armas de fogo, de 18 para 21 anos, uma decisão anunciada duas semanas depois de um tiroteio na escola secundária Marjory Stoneman Douglas, em Parkland, estado da Flórida, em que 17 pessoas morreram.

Homicídios crescem a cada ano

Em 2017, quase 40 mil pessoas morreram nos Estados Unidos em situações que envolveram armas de fogo, um novo máximo desde 1996. O país é um dos seis responsáveis por mais de metade das 250 mil mortes em todo o mundo, juntamente com Brasil, México, Colômbia, Venezuela e Guatemala. Nesse ano, houve 14.542 homicídios com armas de fogo (num total de 39.773), um número que tem crescido nos últimos anos – foi de 4,6 por 100 mil habitantes em 2017, subindo de 4,2 em 2015 e de 3,6 em 2010.

Segundo uma análise da organização Giffords Law Center to Prevent Gun Violence, mais de metade das vítimas de homicídios com armas de fogo em 2017 eram homens negros, apesar de este grupo representar menos de 7% da população total dos Estados Unidos.

No ano passado, a Amnistia Internacional dizia que o uso de armas nos Estados Unidos, que provoca em média mais de 30 mil mortos por ano, deve ser encarado como um problema de direitos humanos e não apenas de saúde pública. Num relatório publicado em Setembro, a organização sem fins lucrativos afirmava que “todos os aspectos da vida americana foram comprometidos de uma forma ou de outra por um acesso às armas sem restrições”.

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