Um festival para pôr a música urbana africana no pedestal que ela merece

A Praia da Rocha recebe a partir desta quinta-feira a primeira edição do Afro Nation. Do afrobeat ao reggae, do dancehall ao hip-hop, o festival, que arranca já com lotação esgotada, quer ser uma montra panorâmica das derivações actuais da música negra.

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WizKid Kwaku Alston

A Praia da Rocha, em Portimão, recebe a partir desta quinta-feira a primeira edição do Afro Nation, festival que promete exprimir a actual diversidade da música urbana africana, do afrobeat ao reggae, do hip-hop ao dancehall.

Marco Azevedo, organizador do festival, explica ao PÚBLICO que o Afro Nation quer promover e potenciar a visibilidade da música africana, lutando contra a sua crónica periferização. “O afrobeat é o género musical em maior crescimento a nível mundial. No entanto os músicos de origem africana, apesar do seu sucesso, não são colocados como cabeças-de-cartaz nos grandes festivais de Verão porque os organizadores não têm noção do seu impacto público”, exemplifica. Os artistas alinhados para esta primeira edição, entre os quais “os principais intervenientes do afrobeat”, vão estar, daqui a uns anos, “na primeira linha mundial”, aposta.

Com uma lotação, já esgotada, de 22 mil pessoas, este é “o maior festival europeu de música urbana na praia”, segundo garante ao PÚBLICO o criador do Afro Nation, Obi Asika, empresário inglês de ascendência nigeriana. “Não existe mais nenhum festival europeu, dentro destes moldes e com foco em artistas de hip-hop ou afrobeat, que receba tantos visitantes.”

No primeiro dia deste festival que decorre até domingo, os grandes destaques são o cantautor nigeriano Burna Boy, que este ano lançou o seu quarto álbum de afro-fusion, African Giant, e Buju Banton, cuja música reggae e dancehall o tornou um dos mais aclamados músicos do seu país de origem, a Jamaica.

No segundo dia, em que o principal cabeça de cartaz será uma surpresa, o cantor nigeriano (e personalidade televisiva) D’Banj apresenta-se como um dos maiores destaques com o seu afropop. Continuará forte, no sábado, a aposta em artistas de origem nigeriana com Davido, um dos maiores ícones actuais do afropop, que na semana passada lançou uma música com o controverso Chris Brown, e que assina aqui a sua estreia em Portugal. Busy Signal, uma das vozes mais icónicas do dancehall/reggae jamaicano, marcará presença no palco secundário. Outro grande destaque deste terceiro dia é o DJ veterano Tim Westwood, nome maior da cena britânica de música urbana e grande referência pelo seu papel impulsionador do grime e do garage.

No último dia das festividades, Wizkid, nome artístico do nigeriano Ayodeji Ibrahim Balogun, um dos mais reconhecidos praticantes do afrobeat moderno, que esteve no ano passado no MEO Sudoeste e que conta com colaborações com músicos famosos como Drake ou Beyoncé, é um dos cabeças-de-cartaz, a par de Femi Kuti, filho mais velho do influente Fela Kuti, um dos principais fundadores do afrobeat. Femi começou a sua carreira a tocar com a banda do seu pai, os Egypt80 (que estiveram na semana passada no festival Mimo, em Amarante, com o seu irmão, Seun Kuti), mas criou a sua própria banda, os Positive Force, em 1986; em 1995, lançou o seu primeiro álbum a solo, assumindo-se como uma força criativa independente do poderoso legado do pai.

O festival decorrerá em dois palcos paralelos. O principal estará instalado no Blanco Beach Club e o secundário na praia artificial (e privada) NoSoloÁgua. A maioria dos bilhetes, diz a organização, vendeu-se fora de Portugal, nomeadamente no Reino Unido. Texto editado por Inês Nadais

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