Google ouve 0,2% das conversas dos utilizadores com os assistentes digitais

Jornalista de uma televisão belga afirmou ter um acervo de ficheiros áudio obtidos por funcionários da multinacional.

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O Assistant pode ser usado com comandos de voz GOOGLE

O Google admitiu que tem funcionários a ouvir e a gravar 0,2% das conversações que os utilizadores têm com o Assistant, o assistente virtual da empresa. Mas afirma que o único objectivo dessas escutas é o melhoramento da qualidade de serviço.

As afirmações surgiram depois de o canal de televisão belga VRT NWS ter revelado que possuía algumas gravações em holandês, que diz terem sido facultadas por peritos do próprio Google, para compreender particularidades fonéticas do idioma. Além disso, o canal belga entrou em contacto com uma das pessoas escutadas.

A empresa afirmou que está a investigar o sucedido e garante que irá tomar acções legais pela utilização dos clipes de áudio detidos pelo canal, uma vez que foram violadas políticas de segurança de dados.

Tim Verheyden, jornalista da VRT, admitiu que possuía um acervo com cerca de mil ficheiros de som obtidos por um dos funcionários do Google que grava, ouve e transcreve parte dos áudios captados pela empresa. Esses ficheiros, todos na língua holandesa, contêm dados de identificação de utilizadores, “como a morada de residência e outra informação confidencial”, bem como segmentos de discussão entre famílias e chamadas profissionais.

O Google, no comunicado assinado por um dos responsáveis de produto da empresa, David Monsees, explica que a empresa ouve algumas gravações para perceber melhor os padrões e tons dos vários idiomas falados pelo mundo, mas sempre dentro das normas que prevê nos seus termos de serviço. Esse processo conta com o apoio de especialistas, presumíveis falantes nativos do idioma em questão, “para ouvir e transcrever uma pequena parte das interacções”, com o objectivo de ajudar a empresa a “compreender melhor” os idiomas.

A funcionalidade de captar áudio pode ser desactivada nas opções de utilização da aplicação, mas isso retira a possibilidade de melhorar o funcionamento e personalização da aplicação, defende o Google.

O assistente do Google pode ser accionado num dispositivo móvel quando o utilizador acede à aplicação ou diz “Hey, Google”.

Em 2017, relembra o jornal britânico The Guardian, o Google confirmou um incidente semelhante, mas com as colunas portáteis inteligentes Home Mini, devido a um bug que acabou por ser localizado. O erro fazia com que fossem gravadas as vozes dos utilizadores mesmo quando o aparelho não era activado.

Este ano, a Amazon também confirmou publicamente que tem funcionários em várias partes do mundo a ouvir parte do que as colunas Echo captam, mas garantiu que está a salvaguardar a privacidade dos clientes.

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