Um motard açoriano na direcção nacional do PSD

José Manuel Bolieiro vai ser vice-presidente de Rui Rio. Mas ainda precisa de ser eleito em conselho nacional, a 23 de Julho.

José Manuel Boleiro, em 2013, entre Passos Coelho e Duarte Freitas
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José Manuel Boleiro, em 2013, entre Passos Coelho e Duarte Freitas Rui Soares
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José Manuel Boleiro,José Manuel Boleiro Eduardo Costa,Eduardo Costa

O PSD-Açores zangou-se com Rui Rio pouco antes das europeias, quando o líder do partido decidiu não incluir Mota Amaral em lugar elegível nas listas de eurodeputados, mas as tréguas estão à vista. O líder do PSD telefonou, no último domingo, a José Manuel Bolieiro para o convidar para o lugar de vice-presidente do partido. Depois de ser eleito em Conselho Nacional, a 23 de Julho, o deputado da assembleia legislativa regional açoriana entre 1998 e 2009 e actual autarca em Ponta Delgada substituirá Manuel Castro Almeida, que se demitiu a 20 de Junho.

Pouco conhecido no continente, José Bolieiro é figura incontornável na região. Desempenhou vários cargos no PSD regional, de secretário-geral a vice-presidente, passando por director do gabinete de estudos. Ocupa, desde Agosto de 2012, a presidência da Câmara de Ponta Delgada (São Miguel), posto no qual sucedeu a Berta Cabral, quando a actual deputada concorreu às eleições regionais e perdeu para Vasco Cordeiro. Antes disso, era vice-presidente da autarquia.

Na primeira vez que foi a votos, em 2013, o autarca conseguiu 49,8% dos votos (cinco mandatos) e deixou o PS a oito pontos de diferença (quatro mandatos). Nenhum outro partido elegeu vereadores.

José Manuel Bolieiro, nascido no concelho de Povoação, na Ilha de São Miguel, tem 54 anos, duas filhas, e é motard. É a este hobby que se dedica no pouco tempo que lhe sobra depois da actividade política. À excepção dos anos da licenciatura em Direito, que concluiu em 1988, em Coimbra, nunca viveu fora dos Açores.

Depois de se licenciar ainda fez o estágio de advocacia, mas logo se tornou - por convite de Mota Amaral - assessor jurídico do governo regional, então nas mãos dos sociais-democratas.

José Bolieiro teve o primeiro contacto com o partido em 1991, nos tempos do cavaquismo (apesar de isso nada ter contribuído para a aproximação). Foi Vítor Cruz, que chegou a ser líder do PSD regional, quem o levou para a JSD. Antes de ser militante, aos 25 anos, chegou a desempenhar o cargo de presidente da assembleia municipal da terra onde nasceu, como independente.

Com Durão Barroso teve pela primeira vez um lugar no conselho nacional do partido, lugar que viria a repetir com Pedro Passos Coelho. Em 2010, foi o mandatário para os Açores da segunda candidatura de Passos à liderança PSD. Nas últimas regionais, foi mandatário de Duarte Freitas, que também acabou derrotado por Vasco Cordeiro.

José Bolieiro costuma dizer a quem o conhece que tem um posicionamento ideológico definido: é social-democrata. Quando Passos Coelho chegou ao Governo em 2011 e, a pretexto da troika, fez uma governação mais liberal, o açoriano não deixou de se queixar dessa deriva ao líder do partido.
Esta aproximação de Rui Rio ao autarca açoriano demonstra a preocupação da direcção nacional em fazer as pazes com o PSD regional, que rejeitou fazer campanha pelo partido nas europeias de 26 de Maio deste ano.

Então, os açorianos indicaram o ex-presidente da Assembleia da República João Bosco Mota Amaral para as listas de eurodeputados na expectativa de que Rui Rio o colocasse num lugar de prestígio, o que não aconteceu. Os Açores não tiveram nenhum representante na lista (ao contrário da Madeira). Se a zanga se prolongasse, Rio arriscava-se a não ter o PSD açoriano a fazer campanha a seu lado nas legislativas.

Apesar de estar indicado pela direcção nacional, só no próximo conselho nacional do PSD, a 23 de Julho, é que José Manuel Bolieiro verá o seu nome aprovado pelos restantes membros daquele órgão.

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