PSOE cresce nas sondagens apesar do impasse político em Espanha

Estudo do CIS coloca o partido de Pedro Sánchez próximo da maioria absoluta. Cidadãos ultrapassa PP, mas por pouco, e Unidas Podemos perde terreno.

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Pedro Sánchez, presidente do Governo de Espanha EPA/OLIVIER HOSLET

O mais recente estudo do Centro de Investigações Sociológicas (CIS) coloca o Partido Socialista espanhol (PSOE) próximo dos 40% das intenções de voto. Dois meses depois das eleições legislativas e sem uma maioria parlamentar que lhe permita ser investido daqui a duas semanas, Pedro Sánchez parece manter o apoio da maioria do eleitorado. As sondagens, divulgadas na quarta-feira, dão ao Cidadãos o segundo posto e tiram pontos ao Unidas Podemos.

Segundo o CIS, o PSOE agrega 39,5% dos apoios, mais dez pontos percentuais que o resultado obtido nas legislativas de Abril, que lhe poderiam atribuir, potencialmente, 175 deputados – a um da maioria absoluta no Congresso dos Deputados.

A sondagem coloca o Cidadãos dois pontos por cima do Partido Popular – 15,8% e 13,7% respectivamente. Uma estimativa interessante para Albert Rivera, que se quer assumir como o poder líder da oposição e que, apesar da turbulência interna nos liberais – por causa da recusa de Rivera de negociar com Sánchez – mantém praticamente o mesmo resultado de Abril. A larga distância para o PSOE e o facto de a sondagem ter sido feita antes das demissões na cúpula do partido impedem, no entanto, leituras mais optimistas.

Apesar de subir ligeiramente em relação às recentes eleições europeias e regionais, o PP continua a sua travessia no deserto. Perde 3% para as legislativas e continua em dificuldades para montar uma estratégia de oposição abrangente. 

O mais prejudicado do estudo do CIS é o Unidas Podemos. A plataforma de esquerda soma 12,7% das intenções de voto, menos dois pontos que nas eleições. Mesmo não sendo uma queda abrupta, coloca Pablo Iglesias em dificuldades.

Isto porque, nos últimos dias, o PSOE tem colocado toda a pressão em cima do Podemos para um acordo partidário, que permita a investidura de Sánchez – cujo debate está agendado para os 22 de Julho. Iglesias quer entrar no executivo, mas o socialista prefere governar sozinho, com pactos sobre determinadas políticas.

Certo é que o PSOE vai encarar as estimativas do CIS como um trunfo para pressionar a oposição – Cidadãos e PP incluídos – a permitir a sua investidura e negociar o que houver para ser negociado. Albert Rivera e Pablo Casado, líder do PP, já fecharam a porta à abstenção dos seus deputados na votação para a nomeação do próximo Governo de Espanha. E Iglesias olha para Setembro

Caso Pedro Sánchez não consiga ser investido daqui a duas semanas, a legislação espanhola oferece ao líder do partido mais votado nas eleições um prazo máximo de dois meses para voltar a tentá-lo. O não agendamento de votação nesse prazo, atiraria Espanha para novas legislativas. É nesse enquadramento que surge o mês de Setembro, como data limite para se repetir a sessão de investidura.

O CIS admite, no entanto, que a proximidade entre a realização dos inquéritos – que envolveu quase 3 mil entrevistas, entre 1 e 11 de Junho – com as eleições municipais, regionais e europeias de Maio, pode ter contribuído para que os resultados sejam “mais um reflexo do passado”, do que uma “medida de eventuais comportamentos futuros”.

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