Milhares levam arco-íris pelas ruas de Lisboa em marcha de orgulho LGBTI+

Organização afirma que 50 mil pessoas participaram neste sábado na Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa, reivindicando mais direitos e o fim da discriminação contra pessoas lésbicas, gay, bissexuais, transgénero, intersexo e outras minorias sexuais.

Fotogaleria
20.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa LUSA
Fotogaleria
20.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa LUSA
Parada do orgulho
Fotogaleria
20.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa LUSA
Parada do orgulho
Fotogaleria
20.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa LUSA
Parada do orgulho
Fotogaleria
20.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa LUSA
Óculos
Fotogaleria
20.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa LUSA
Parada do orgulho
Fotogaleria
20.ª Marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa LUSA

O arco-íris da vigésima marcha do Orgulho LGBTI+ de Lisboa desceu do Príncipe Real até à Ribeira das Naus levado nas mãos de milhares de pessoas, com tanto de festa como de protesto contra a discriminação quotidiana contra as pessoas lésbicas, gay, bissexuais, transgénero, intersexo e outras minorias sexuais.

A organização avançou que a marcha teve dezenas de milhares de participantes. “Fomos 50 mil, seremos cada vez mais”, afirmou a artista Paula Lovely, mestre de cerimónias do espaço de discursos em que foi lido o manifesto da 20.ª marcha da cidade e onde diversos colectivos e organizações de defesa dos direitos das pessoas LGBTI apresentaram as suas reivindicações, e que contou também com uma intervenção da secretária de Estado da Cidadania e Igualdade, Rosa Monteiro.

A marcha, que este ano tem como mote “Ideologia de quê? O nosso género são os direitos humanos”, foi encabeçada por um bloco “histórico”, com duas centenas de figuras de todo o país que fizeram parte da luta pelos direitos LGBTI+ nas últimas décadas. 

O percurso, cruzando artérias estreitas na descida para o Chiado, foi acompanhado por autocarros de dois andares com música, a parte mais exuberante de um desfile descontraído mas marcado por palavras de ordem reclamando igualdade, aceitação e liberdade para as pessoas representadas.

“Ainda há discriminação”

O histórico activista António Serzedelo disse à agência Lusa que “todas as lutas pela igualdade são inacabadas, estando a falar de direitos humanos”. Assinalou ainda que, “na periferia, a discriminação é muito maior que na Lapa, no Chiado ou no Príncipe Real”.

“Nas zonas periféricas não se pode andar de mão na mão. Uma coisa é estar em Lisboa, outra é estar em Trás-os-Montes ou no interior do Alentejo, que são zonas muito mais difíceis, onde o machismo e as touradas imperam”, declarou.

Alice Azevedo, da comissão organizadora da marcha, disse aos jornalistas no início do percurso que “há 20 anos partia a primeira marcha com umas 500 pessoas que chegaram ponderar usar máscaras para marchar na rua em 2000. Hoje estão mais de 15 mil, livres, sem máscaras, a lutar pelos direitos que conquistámos e pelos que faltam conquistar”.

“A discriminação faz-se sentir, infelizmente, por todo o lado”, salientou a activista do colectivo Panteras Rosa, indicando os “serviços de saúde mais básicos”, para os quais falta formação para os clínicos que “não sabem lidar” com necessidades específicas, “ainda há discriminação no trabalho e ainda há pessoas em 2019 que são expulsas de casa pelas famílias”.

Uma das participantes da marcha, Vanessa Pereira da Costa, afirmou que o orgulho dos participantes é assumir a liberdade de expressar a sua sexualidade. “Sou brasileira e lá estamos à vontade, mas em Lisboa, só às vezes algumas pessoas fazem cara feia, mas são poucas e não é nada agressivo, talvez por alguma curiosidade. Sinto este lugar como muito aberto”, afirmou.

“Ainda falta conquistar poder andar de mãos dadas sem se sentir ameaçada algumas vezes, dependendo do ambiente, e não precisar esconder quem se é na verdade, com medo de não conseguir um emprego”, contrapôs.

Partidos presentes na marcha

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, afirmou que a sociedade portuguesa ainda não acompanhou totalmente as leis que fazem de Portugal “um dos países mais avançados” no reconhecimento de direitos a pessoas que, contudo, “não são respeitadas na rua, na escola, no sítio onde trabalham por causa da sua orientação sexual e isso não é admissível”.

“Estar tanta gente é um símbolo do tanto que o país mudou, mas é preciso mudar mais porque não basta sermos iguais na lei, temos que ser iguais na sociedade”, afirmou, tomando lugar atrás da faixa que o Bloco levou na manifestação, onde outras forças políticas como o Livre, Iniciativa Liberal, PCP e Verdes, representados por candidatos da lista por Lisboa às próximas legislativas, levaram para a rua tanto as suas bandeiras como as do arco-íris​.

O deputado do PAN, André Silva, disse em declarações à Lusa que Portugal “é um país bastante progressista, mas há “um investimento que tem que se fazer na formação” em áreas como os hospitais e outros serviços públicos, para que caiam preconceitos e se aplique uma política de tolerância.

Sugerir correcção
Ler 43 comentários