Menezes quer colaborar com o PSD, mas não ser deputado

Antigo líder tem sido apontado no partido como cabeça de lista pelo distrito de Aveiro, donde é natural. No conselho nacional extraordinário de Janeiro, disponibilizou-se para integrar a lista de candidatos a deputados pelo Porto, em último lugar.

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Menezes num comício em Tondela, na campanha das europeias do mês passado LUSA/TIAGO PETINGA

Rui Rio já começou a fazer convites para os cabeças de lista do partido às eleições legislativas de Outubro e na nuvem de nomes de que se fala no partido tem sobressaído o de Luís Filipe Menezes. O antigo líder social-democrata e ex-presidente da Câmara de Vila Nova de Gaia tem vindo a ser falado internamente como hipótese para encabeçar a lista de deputados à Assembleia da República nas legislativas por Aveiro, o distrito onde nasceu. Contactado pelo PÚBLICO, Menezes negou essa possibilidade, mas há companheiros de partido que consideram o cenário plausível. E lembram que em Janeiro, no conselho nacional extraordinário do PSD aonde foi defender Rio, o antigo autarca de Gaia disponibilizou-se para integrar a lista de deputados à Assembleia da República pelo Porto, em último lugar. 

Menezes foi, então, a surpresa da noite, até porque nos últimos anos ele e Rio tinham sido fiéis inimigos. Na intervenção que fez no conselho nacional, o antigo líder começou por dizer que, “em democracia, nunca é tarde para colocar em causa uma liderança”, mas, a seguir, disponibilizou-se a integrar a lista de deputados à Assembleia da República pelo Porto, em último lugar. O surpreendente abraço de Rui Rio a Luís Filipe Menezes aconteceria pouco depois, já fora da sala onde decorria a reunião.

Em declarações ontem ao PÚBLICO, Luís Filipe Menezes disse que a ideia do convite para liderar a lista do PSD por Aveiro “não tem fundamento”, mas confirmou que tem conversado com a direcção de Rui Rio. “Falo com a direcção do PSD desde o primeiro momento, e ela sabe que o meu quadro de referência é não ocupar cargos executivos, por isso não faz sentido que tal seja abordado”, explicou. “A minha disposição é para colaborar com o partido, mas isso não quer dizer que vá ocupar cargos executivos”, sublinhou. Aliás, nem cargos executivos nem electivos: “Acrescente, aos cargos executivos, cargos electivos públicos”.

Apesar de estar afastado da vida política activa, Menezes marcou presença na campanha das eleições europeias, tendo participado num almoço-comício, em Tondela, onde fez um discurso mobilizador e mostrou-se empenhado em apoiar o partido. Chegou a afirmar estar disponível para assumir “cargos executivos”, uma declaração que foi recebida com aplausos. Há dias, no seu mural no Facebook reafirmou não ter “apetite por qualquer tipo de funções políticas executivas, porque o exercício de tais poderes no Portugal de hoje, por mais rigorosa que seja a postura de quem os assume, é mais perigoso que fazer uma comissão de serviço na guerra do Iraque”.

Menezes sente-se perseguido e foi notícia há dias por ter prometido uma recompensa de 2500 euros a quem identificar o autor da denúncia anónima que levou a Segurança Social a bater-lhe à porta de casa, para ver se havia ali menores e idosos maltratados.

Ainda no Facebook, o ex-autarca aproveitou para deixar recados aos críticos e defender Rio. “Participei na campanha das europeias, senti sinais que me preocuparam muito, nomeadamente ao nível do envelhecimento, ruralização e empobrecimento logístico e organizacional do partido. Todavia, culpar Rio por esta situação é injusto e excessivo. Trata-se de uma inércia que vem de trás, no mínimo desde há uma década, que tem obviamente culpados, a quem fica mal assobiarem para o lado”.

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