Lista de deputados faz a primeira baixa: líder do PSD-Lisboa demite-se

Paulo Ribeiro bateu com a porta depois de a concelhia aprovar o nome de Joana Monteiro, que ele não propôs.

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Paulo Ribeiro foi eleito para a concelhia do PSD de Lisboa em Janeiro de 2018 Miguel Manso

A indicação dos nomes pelas secções do PSD para a lista de deputados já fez uma baixa em Lisboa. Paulo Ribeiro, presidente da concelhia de Lisboa, demitiu-se do cargo nesta segunda-feira à noite, por discordar da indicação de um dos nomes avançado por aquela estrutura do partido para as listas de deputados à Assembleia da República.

A informação foi confirmada ao Observador pelo próprio Paulo Ribeiro que remeteu a justificação para mais tarde. Fonte do PSD relatou ao PÚBLICO que, no início da reunião da comissão política concelhia, Ribeiro anunciou que tinha convidado duas pessoas para integrar a lista de deputados por Lisboa: Rogério Jóia e Maria Emília Apolinário, ambos membros do órgão concelhio, e que os convites estavam dependentes da validação da própria comissão política.

Logo a seguir, Rodolfo Castro Pimenta, da concelhia, faz uma proposta em que defende que sejam indicados quatro nomes, mas esta proposta acaba por não vingar. Depois de alguma discussão ficou decidido que a concelhia apenas indicava dois nomes. Luís Newton, que lidera a bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa e que tem assento por inerência na concelhia (mas sem direito a voto), foi um defensor desta solução, tendo a proposta sido formalizada e votada. Os dois nomes apontados pela concelhia são Rogério Jóia, primeiro vice-presidente da concelhia; e Joana Monteiro, investigadora e professor da Universidade Nova de Lisboa.

Rogério Jóia, que fez parte da lista de Teresa Leal Coelho à Câmara de Lisboa em 2017 e que, a partir de agora, vai assumir a presidência da concelhia, é um nome consensual entre as várias facções. Já Joana Monteiro é uma desconhecida para vários dirigentes do partido em Lisboa. Newton assume, assume em declarações ao PÚBLICO, que apoiou a indicação de Joana Monteiro para a lista de deputados para a Assembleia da República. E justifica: “O nome da investigadora corresponde ao perfil que nos foi pedido. É jovem, tem currículo e têm experiência na área da educação, o que pode reforçar o nosso conhecimento e a nossa visão nesta matéria”.

Após a votação do nome de Joana Monteiro, proposto por Carlos Martins, membro da comissão política concelhia e que trabalha no gabinete de apoio à bancada do PSD na Assembleia Municipal de Lisboa, Paulo Ribeiro, com quem o PÚBLICO tentou falar, demitiu-se, dizendo que não concordava com a escolha daquela militante.

Luís Newton revelou ao PÚBLICO que “em momento nenhum [da reunião] o presidente da concelhia manifestou que estava em ruptura com o processo, nem disse que não se revia nele. Fomos todos apanhados de surpresa”. “Não tive nenhum pré-aviso de que Paulo Ribeiro se ia demitir, apesar de ele ser membro da minha Assembleia de Freguesia [da Estrela].Fui um dos principais impulsionadores da sua candidatura à concelhia do PSD de Lisboa [Janeiro de 2018] e temos uma proximidade política grande, mas ele não me informou de nada”, comenta o deputado municipal, considerando “desagradável" que Paulo Ribeiro se tenha demitido.

Segundo o Observador, as listas de deputados estão na origem de outra guerra, desta vez entre a direcção do partido e a distrital de Lisboa – que já tem data marcada para ir a votos, 9 de Novembro.

No núcleo próximo de Rui Rio, a demissão de Paulo Ribeiro é vista como a prova de que há um problema mais vasto que afecta não só a concelhia como toda a distrital, também por causa dos nomes nas listas a deputados. Ao Observador, um dos conselheiros próximos de Rio diz que o líder da distrital, Pedro Pinto, quer impor Miguel Pinto Luz (actual número dois da Câmara de Cascais e ex-presidente da distrital) como primeiro nome para deputado em Lisboa. Uma informação que Pedro Pinto não quis confirmar: “Tenho muitos nomes na cabeça, mas não me pronuncio sobre nenhum”.

Pedro Pinto nunca esteve alinhado com o presidente do partido. Foi apoiante de Pedro Passos Coelho, de quem chegou a ser vice-presidente, esteve com Santana Lopes nas eleições directas que deram a vitória a Rui Rio e, mais recentemente, apoiou Luís Montenegro, que desafiou Rio a convocar directas. O líder do PSD de Lisboa recusou, há meses, assinar o manifesto de apoio à direcção do partido, subscrito pelas outras distritais e que exigia um “apoio inequívoco” ao líder.

Paulo Ribeiro demitiu-se no último dia do cronograma definido por Rio para as concelhias indicarem os nomes para as listas de deputados que são depois aprovados ou não pelas distritais do PSD. As distritais têm agora até 1 de Julho para aprovar os nomes das secções que serão depois propostos formalmente à comissão política nacional para posteriormente serem aprovados em conselho nacional. A distrital de Lisboa reúne-se quinta-feira para aprovar os nomes e é provável que a distrital também possa indicar alguém.

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