Tentativa de golpe de Estado falhada na Etiópia

Líder do governo da região de Amhara e o chefe do Estado Maior do Exército foram assassinados a tiro no sábado à noite. Primeiro-ministro diz que a situação está sob controlo.

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O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, tem levado a cabo reformas no exército e nos serviços de inteligência que lhe granjearam inimigos EPA/LUSA

O chefe do Estado Maior do Exército da Etiópia e o presidente do estado de Amhara, no norte do país, foram este domingo assassinados numa tentativa de golpe de Estado, anunciou o gabinete do primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed.

Ambachew Mekonnen, o líder de Amhara, e o seu conselheiro foram mortos a tiro, enquanto o procurador-geral estadual ficou ferido, no ataque de sábado à noite em Bahir Dar, a capital do estado.

Nessa mesma noite, na capital do país, Adis Abeba, o chefe do Exército, o general Seare Mekonnen, e um general na reserva foram assassinados na casa do primeiro pelo seu guarda-costas.

Segundo o gabinete do primeiro-ministro, as mortes estão relacionadas com uma tentativa de golpe de Estado liderada pelo chefe de segurança daquele estado do norte da Etiópia, o general Asamnew Tsige, libertado no ano passado da prisão, depois de uma amnistia, onde cumpria pena por outra tentativa de golpe.

Ambachew Mekonnen é um aliado do primeiro-ministro que assumiu o cargo em 2018 e desde então tem promovido uma série de reformas sem precedentes na Etiópia, o segundo país mais populoso do continente africano, com mais de 100 milhões de habitantes, e uma das economias de crescimento mais rápido actualmente em África.

As mudanças levadas a cabo nas forças armadas e nos serviços de inteligência granjearam a Abiy poderosos inimigos, ao mesmo tempo que o seu Governo procura assentar o seu poder no meio de importantes figuras entre os muitos grupos étnicos que combatem o governo federal e lutam por influência e recursos.

O tiroteio em Bahir Dar, que terá durado mais de quatro horas de trocas de tiros, aconteceu numa altura em que Ambachew presidia a uma reunião para decidir a melhor forma de evitar que Asamnew continuasse a recrutar jovens para a milícia amhara, a maior tribo da Etiópia (26,9% da população). Asamnew fez um vídeo, difundido pelo Facebook, a pedir aos amharas que se armem para lutar contra outros grupos étnicos.

“A situação na região de Amhara está actualmente completamente sob controlo do Governo Federal em colaboração com o governo regional”, afirmou o primeiro-ministro numa declaração difundida este domingo.

Em Adis Abeba, a cidade parecia muito mais calma e silenciosa que noutro domingo qualquer, com menos carros e menos pessoas na rua.

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