História A: exame “mais acessível”, mas perguntas de desenvolvimento aumentaram, diz professora

Em 2018, o exame de História A foi o que teve a pior média entre as provas realizadas por mais alunos.

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O exame de História A teve o mesmo número de perguntas que em 2018 Daniel Rocha

O exame de História A realizado nesta sexta-feira por 19.670 alunos do 12.º ano “foi mais acessível” do que o do ano passado, devido à “objectividade e clareza dos documentos e das questões” apresentadas. Ainda sem ser conhecido o parecer da Associação de Professores de História (APH), é esta a opinião da docente desta disciplina Elisabete Jesus, que é também classificadora de provas e autora de materiais pedagógicos.

E que também lamenta, à semelhança de alunos questionados pelo PÚBLICO nesta sexta-feira, que a prova se tenha revelado como um exame de “História de Portugal”, que ocupava nove das 16 perguntas, tendo apenas “uma ténue articulação com os contextos europeus ou mundiais”.

Das oito provas mais concorridas, o exame de História A foi o que teve a pior média em 2018, com os alunos internos, que são os que frequentam as aulas até ao fim, a descerem de 10,3 para 9,5 valores (numa escala de 0 a 20). Para a APH tal ficou a dever-se ao facto de o Instituto de Avaliação Educativa (Iave, responsável pela elaboração e classificação das provas) ter mudado o tipo de exame e a cotação de todos os itens sem aviso prévio.

Elisabete Jesus refere que continua a não existir “um canal de comunicação aberto com as escolas/professores para que se compreendam” as opções e metodologias do organismo responsável pelas provas. Sendo assim, comenta esta docente, “a leitura imediata que se faz, sobretudo por parte dos alunos, é que os de 2018 tiveram azar porque o Iave fez um exame difícil e os de 2019 tiveram sorte porque, face às críticas e aos maus resultados, fez um exame mais fácil”. “E para o ano como será?”, questiona.

Quanto a diferenças concretas em relação ao exame do ano passado, Elisabete Jesus destaca que as questões voltaram “a ter novamente um só verbo de comando, ganhando assim em clareza e objectividade”. Em entrevista ao PÚBLICO, o actual presidente do Iave, Luís Santos, atribuiu em parte os maus resultados de 2018 ao facto de se ter alterado o verbo de comando numa pergunta. E mostrou-se convicto de que a prova deste ano seria “perfeitamente adequada” por causa das orientações entretanto dadas.

Numa carta dirigida àquele responsável, publicada no PÚBLICO, Elisabete Jesus contrapôs que, neste aspecto, “o problema não esteve na alteração do verbo de comando”, mas sim no facto de existirem duas questões, que valiam 15 pontos cada, em que havia dois verbos de comando, em que o “apresentar” implicava também explicar ou justificar.

Para esta docente, contudo, uma das principais razões para os maus resultados de 2018 teve a ver com os valores que foram atribuídos a perguntas de escolha múltipla e às que exigiam “a construção de uma resposta”, exigindo apenas uma diferença de 10 pontos na sua cotação. E esse é um problema que considera não estar resolvido na prova apresentada nesta sexta-feira. Começa por explicitar que “do mais simples para o complexo foram definidas três cotações: 10, 15 e 20 pontos”, para referir depois a sua incompreensão face ao facto de tanto no grupo dos 10 pontos, como no de 15, “existirem perguntas mais fáceis e outras mais difíceis, sendo todos corridas com a mesma cotação”.

Quanto à extensão do exame, apontada como outro problema, verifica-se que o de 2019 tem o mesmo número de questões (16) do que o do ano passado e que embora, como anunciado pelo Iave, os conteúdos em avaliação tenham sido menos, “o número de questões que exigem produção de um texto de resposta, que à partida consomem mais tempo, aumentou de cinco para sete”. “Em suma, o exame foi necessariamente maior, mesmo atendendo a uma redução no número de aspectos ou factores pedidos em cada um destas perguntas”, conclui Elisabete Jesus.

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