Português acusado de ajudar imigração ilegal diz que ainda não foi contactado pelo Governo

Miguel Duarte foi acusado pelo Ministério Público italiano de auxílio à imigração ilegal e pode enfrentar uma pena de 20 anos de prisão.

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Miguel Duarte fazia voluntariado no navio Iuventa, da Jugend Rettet, uma organização alemã responsável pelo resgate de 14 mil pessoas desde 2016 Rui Gaudencio

Miguel Duarte, o jovem que está a ser investigado em Itália por suspeita de ajuda à imigração ilegal, afirmou esta terça-feira que ainda não recebeu qualquer contacto do Governo português, assumindo que não esperava tanta solidariedade da campanha de “crowdfunding”.

Miguel Duarte foi esta terça-feira recebido no Parlamento, em Lisboa, pela líder do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, e pelo deputado bloquista José Manuel Pureza, tendo explicado aos jornalistas, no final, que a motivação do trabalho que a ONG fez no Mar Mediterrâneo “era salvar vidas humanas, impedir que as pessoas morressem afogadas”.

Questionado pelos jornalistas se já tinha recebido algum contacto do Governo português, o jovem respondeu apenas: “não, ainda não tive nenhum contacto”.

Na segunda-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros português garantiu todo o apoio a Miguel Duarte, sublinhando que é preciso ter noção de que as suas acções “são inspiradas por razões humanitárias”.

“Ninguém no colectivo que organizou esta campanha esperava tanta solidariedade por parte de tanta gente. Já houve milhares de pessoas a garantir o seu apoio, ajudar e a manifestar-se publicamente do nosso lado. E isso é espectacular para nós”, respondeu, assumindo que não estava à espera da repercussão desta campanha.

Na segunda-feira, a 26 dias do prazo final, a campanha lançada pela plataforma HuBB - Humans Before Borders que pretendia angariar 10 mil euros para apoiar a defesa do estudante português, tinha angariado até às 13h desta terça-feira mais de 34 mil euros doados por mais de 1800 apoiantes, através da página de financiamento colaborativo PPL, duplicando assim o objectivo que tinha estabelecido.

“Vim basicamente explicar-lhes um bocadinho do nosso trabalho, do que é que fazíamos no Mediterrâneo e que basicamente a nossa motivação era salvar vidas humanas, impedir que as pessoas morressem afogadas como, na verdade, qualquer Estado devia garantir que se faz. Todo esse trabalho foi feito sempre em coordenação com instituições do Governo italiano.

Miguel Duarte explicou que ele e mais nove ex-tripulantes do Iuventa, um navio pertencente à organização não-governamental (ONG) alemã de resgate humanitário no Mediterrâneo, foram constituídos arguidos e estão sob investigação em Itália por suspeita de ajuda à imigração ilegal.

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