Bloco de partos de Beja afinal não fecha porque foi possível contratar médico

Esta seria a quinta vez este ano que a urgência de ginecologia e obstetrícia do hospital de Beja fecharia transitoriamente. Mas mantém-se sempre “garantido” o atendimento a situações emergentes, a urgência interna e os cuidados das puérperas internadas, assegura a administração da unidade.

Foto
ADRIANO MIRANDA

O anunciado encerramento temporário da urgência de ginecologia/obstetrícia do hospital de Beja afinal não vai acontecer porque a unidade conseguiu, à última hora, contratar um médico em prestação de serviços (à tarefa), adiantou ao PÚBLICO a responsável pelo gabinete de imprensa.

A concretizar-se, esta teria sido a quinta vez este ano que o bloco de partos do hospital alentejano fecharia por falta de médicos especialistas em ginecologia e obstetrícia. O encerramento estava previsto para o período entre as 18h00 desta sexta-feira e as 8h00 de sábado, devido à falta de um segundo médico especialista - a equipa mínima de uma maternidade são dois especialistas.

O conselho de administração da Unidade Local de Saúde do Baixo Alentejo (ULSBA), que integra o hospital de Beja, tinha adiantado à Lusa que, durante o período de fecho temporário do serviço, as utentes provenientes do exterior seriam “encaminhadas para as unidades de saúde mais próximas”, nomeadamente para os hospitais públicos de Évora, Faro ou Setúbal.

Mas indicava que se continuava “garantido” o atendimento a situações emergentes pela equipa multidisciplinar do Serviço de Urgência do hospital e a urgência interna, além dos cuidados das puérperas ali internadas.

O fecho dos serviços ia acontecer pela quinta vez este ano depois de terem sido “esgotados todos os esforços" para “garantir a presença” de um segundo médico especialista necessário para assegurar a escala. Segundo a administração da ULSBA, em todas as situações de fecho temporário do serviço já ocorridas “foram encetados todos os esforços e esgotados todos os recursos no sentido de se conseguir escalar o segundo especialista para completar a escala da urgência da especialidade”, mas os esforços têm sido “em vão”.

“Perante a necessidade de se recorrer a um médico em contrato de prestação de serviços”, a ULSBA está “dependente da sua disponibilidade” e, “quando ela não existe, e após sucessivos nãos, só resta encaminhar as utentes para as unidades de saúde mais próximas”, explica.

“Mesmo na condição de existência de um médico obstetra” na Urgência de Ginecologia/Obstetrícia, “as situações emergentes foram, e serão sempre, objecto de atendimento pela equipa multidisciplinar que constitui o Serviço de Urgência” do hospital, frisa.

O conselho de administração lembra que os concursos abertos nos últimos 10 anos para contratar médicos da especialidade de Ginecologia/Obstetrícia para a ULSBA têm ficado “desertos” e os médicos internos formados no hospital “infelizmente” não ficam após terminarem a formação.

Por outro lado, ressalva, a dificuldade em contratar médicos para o hospital de Beja “é sentida também noutras áreas de especialidade”, como cirurgia geral, pediatria, anestesiologia e ortopedia.

As situações de fecho do Serviço de Urgência de Ginecologia/Obstetrícia do hospital levaram o deputado do PCP por Beja, João Dias, a questionar o Governo e a exigir “medidas céleres” que respondam ao problema.

“Não foram implementadas quaisquer medidas que invertam o caminho” e, se “continuar”, “o futuro da maternidade do hospital será o encerramento definitivo”, alerta do deputado, numa pergunta dirigida ao Ministério da Saúde.

Sugerir correcção
Comentar