Projecto de protecção do lince ibérico fica sem financiamento europeu pela primeira vez em 17 anos

As sucessivas edições do Life Iberlince e outros projectos anteriores que, nos últimos anos envolveram Portugal e Espanha, permitiram que os números de exemplares da espécie na Andaluzia tivessem aumentado de 94 em 2002 para cerca de 600 em 2019.

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Lince ibérico João Silva/ Arquivo

O Life Iberlince, projecto aprovado pela Comissão Europeia que aposta na conservação do lince ibérico, não receberá apoio financeiro europeu para este ano. O projecto, coordenado pela Conselho do Meio Ambiente e Ordenamento do Território da Junta de Andaluzia aposta na conservação desta espécie e do seu habitat. 

Segundo avança o Jornal de Notícias e o El Mundo, o projecto que já ia para a quarta edição não terá financiamento porque o plano de apresentação de 2018 continha erros e não terá sido suficiente forte para convencer a Comissão Europeia, confirmou a própria entidade aos dois jornais. 

No entanto, segundo um documento do Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), já estará em curso outra candidatura que tem como prazo o dia 19 deste mês. “Prepara-se, neste momento, uma nova candidatura ao programa LIFE com parceiros de Portugal e Espanha que permitirá consolidar os objectivos da reintrodução e da presença de lince como espécie de topo e peça de equilíbrio dos ecossistemas mediterrânicos. Algumas das acções previstas na continuação do projecto, deverão contribuir para a desfragmentação de habitats e a minimização de mortalidade em estradas”, escreve o instituto no documento.

Ainda segundo o Jornal de Notícias, que cita fonte oficial do Ministério do Ambiente e Transição Ecológica, “a informação solicitada por Bruxelas não diz directamente respeito ao papel que Portugal assume no projecto” uma vez que a candidatura a fundos europeus é liderada pela Andaluzia e o ICNF é apenas um parceiro. 

A ser aprovado, diz o El Mundo, a quarta edição do projecto envolvia um investimento de cerca de 27 milhões de euros, dos quais a União Europeia participaria com um valor entre os 60% e os 75%. O restante valor ficaria a cargo dos restantes parceiros, dos quais fazem parte o ICNF, a World Wildlife Fund (WWF) e outras associações de conservação da natureza. 

As sucessivas edições do Life Iberlince e de outros projectos anteriores com o mesmo objectivo e que nos últimos anos envolveram outros países e comunidades, permitiram que os números de exemplares da espécie em Andaluzia tivessem aumentado de 94 em 2002 para cerca de 600 em 2019, isto de acordo com os últimos dados.

Em Portugal, a população de lince ibérico também estará a crescer. Ainda no início do mês de Junho, a população de lince-ibérico no vale do Guadiana registou mais dez crias confirmadas, grupo no qual se estima que 12 fêmeas possam ter-se reproduzido este ano. As previsões, segundo o Ministério do Ambiente, apontam para cerca de 30 nascimentos em 2019, “um ligeiro aumento” relativamente a 2018.

Segundo o site do ICNF, o instituto revela que “tem registado um interesse e envolvimento crescentes dos cidadãos pela conservação do lince-ibérico”.

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