Um em cada cinco negros já foi discriminado na União Europeia

Segundo um relatório da Agência dos Direitos Fundamentais, a cor da pele, a fé religiosa ou a etnia continuam a ser factores frequentemente atacados e alvo de discriminação em toda a União Europeia.

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LUSA/JOSÉ COELHO (arquivo)

Um em cada cinco negros e quase três em cada 10 judeus já foram vítimas de assédio na União Europeia, refere um relatório da Agência dos Direitos Fundamentais, sublinhando que a discriminação continua a ser comum na região.

A cor da pele, a fé religiosa ou a etnia continuam a ser factores frequentemente atacados e alvo de discriminação em toda a União Europeia, conclui um relatório daquela agência da UE, divulgado esta quinta-feira.

“Os alarmes dos direitos fundamentais estão a tocar em toda a União Europeia à medida que continuam a crescer as desigualdades, o assédio e os preconceitos”, avisa o director da Agência dos Direitos Fundamentais (FRA, na sigla em inglês), Michael O"Flaherty, no documento. “Precisamos que sejam adoptadas respostas robustas que mostrem como esses direitos nos beneficiam a todos e fornecem respostas às desigualdades que nos afastam de uma sociedade justa, onde todas as pessoas possam prosperar”, defendeu.

O relatório adianta ser necessário que os Estados-membros desenvolvam planos nacionais para combater o racismo e a discriminação racial. Além disso, acrescenta, os países que pertencem à União Europeia devem adoptar uma posição mais forte contra os crimes e discursos de ódio, gravando, investigando, processando e julgando os incidentes.

Os investigadores também analisaram a integração de refugiados na União Europeia, cuja progressão continua a aumentar, mas que “ainda enfrenta diversos obstáculos”.

De acordo com o documento, quase quatro em cada 10 europeus consideram a migração de refugiados tão problemática como a migração ilegal, além de terem a ideia de que o número de pessoas a fugir para a Europa é muito superior (quase o dobro) aos valores reais. Também continua a haver registos de queixas de migrantes, incluindo crianças, que são “empurrados”, às vezes violentamente, para fora das fronteiras dos países, e de maus tratos por parte da polícia.

Face a esta crescente discriminação, a Agência dos Direitos Fundamentais considera “ser urgente” que os Estados-membros tomem medidas para “travar esses abusos” e para “adoptarem procedimentos que respeitem o direito de asilo da UE e os direitos humanos das pessoas”.

O relatório aborda ainda a pobreza infantil, reconhecendo que as taxas registaram, em 2018, uma ligeira melhoria, mas sublinhando que uma em cada quatro crianças enfrenta esse risco. Esta taxa significa que, naquela que é uma das regiões mais ricas do mundo, há muitas crianças que vão para a cama com fome e vivem em condições deploráveis, sofrendo consequências quer em termos de saúde, quer de educação, explica o relatório.

Os números, sublinham a agência, são mais altos quando se fala de crianças com pais estrangeiros, chegando a atingir dois em cada cinco miúdos. “As crianças de minorias étnicas continuam a ser marginalizadas”, acusam os investigadores da ADF.

“A UE e os seus Estados-membros devem, por conseguinte, reservar financiamento para medidas de redução da pobreza infantil”, defende a agência, acrescentando que os países que constituem a UE devem também “intensificar esforços para combater a discriminação de crianças pertencentes a minorias, a fim de impulsionar a inclusão social e a integração”.

O relatório anual da Agência dos Direitos Fundamentais da União Europeia divulgado analisa os dados referentes a 2018 e é realizado com base em entrevistas pessoais e por telefone. Apesar da tendência geral na Europa, a Agência dos Direitos Fundamentais considerou, em Novembro passado, que Portugal tem uma baixa taxa de discriminação étnico-racial.

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