TAP reúne de emergência para discutir prémios em ano de prejuízo

Os seis administradores representantes do Estado convocaram uma reunião extraordinária do conselho de administração para esta quinta-feira.

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O presidente da Comissão Executiva da TAP, Antonoaldo Neves Rui Gaudencio

Os membros da administração da TAP nomeados pelo Estado convocaram uma reunião extraordinária para analisar a decisão da comissão executiva de distribuir prémios no valor de 1,171 milhões a dois quadros de topo, o que corresponde a 180 trabalhadores, avança o Jornal de Negócios na edição desta manhã de quinta-feira. De acordo com a Lusa, estes prémios oscilam entre os mil e os 110 mil euros.

Os administradores estão “bastante incomodados” e irão reunir já esta quinta-feira, escreve aquele jornal económico. Em causa está o prejuízo de 118 milhões de euros registados em 2018, valor que compara com um lucro de 21,2 milhões de euros registado no ano anterior, segundo anunciou a empresa em Março. Para os administradores escolhidos pelo Estado, a opção de distribuir prémios torna-se “difícil justificar”, até mesmo junto da opinião pública.

A meio da manhã, a comissão executiva da TAP emitiu um comunicado para justificar a decisão, sublinhando que se trata de um “programa de mérito” que considera “fundamental para promover as medidas de redução de custos e de aumento de receitas implementadas em 2018”. 

“Este programa está alinhado com as melhores práticas globais da promoção e reconhecimento da meritocracia e tem como objectivo promover uma cultura de entrega de resultados, sejam estes resultados operacionais, económicos ou financeiros”, vincou a comissão executiva.

Na mesma mensagem, a comissão executiva insiste que “a promoção de uma cultura de mérito, alto desempenho e entrega de resultados continuará a ser uma prioridade” da empresa.

Contactado pela Lusa, Paulo Duarte, coordenador do Sitava (Sindicato dos Trabalhadores da Aviação e Aeroportos) confirmou esta situação, referindo que estranhava “muito a TAP ter tomado essa iniciativa, que nunca foi prática habitual, e que vai lançar a desigualdade entre trabalhadores pela falta de equidade”.

“Não entendemos isto, tendo em conta que num ano em que tivemos lucros [2017] os prémios foram distribuídos por todos”, num valor igual, detalhou o dirigente sindical. A TAP, ouvida pela Lusa, observou  que não comenta “as suas políticas de mérito”. Paulo Duarte disse que esta estratégia criou “mal-estar” na empresa e deixou ainda em aberto uma reacção do sindicato, que não quis detalhar.

O valor dos prémios

A seguir aos prémios mais elevados, os de 110 mil euros, está um valor de mais de 88 mil euros pago a um dos quadros, um de mais de 49 mil euros e ainda outro de 42 mil. Os restantes valores são todos iguais ou inferiores a 30 mil euros.

“Tivemos um prejuízo líquido consolidado de 118 milhões de euros […]. Os resultados vão além do prejuízo, já que a empresa não causa impacto somente através do seu resultado financeiro”, comentou o presidente da Comissão Executiva da TAP, Antonoaldo Neves.

Por sua vez, a receita do grupo passou de 2.978 milhões de euros em 2017 para 3.251 milhões de euros em 2018, traduzindo-se num aumento de 273 milhões de euros, mais 9,1% face ao período homólogo.

“O ano de 2018 foi difícil para a TAP quer em termos operacionais, quer em termos económicos e financeiros, mas foi um ano que não comprometeu o nosso futuro. Um ano que nos permitiu — observa o presidente do Conselho de Administração da TAP, Miguel Frasquilho — continuar a criar raízes para que o plano estratégico possa ser implementado como previsto”.

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