Vem aí o livro O Bairro da Tabela Periódica

Investigador escreveu uma peça de teatro para assinalar o Ano Internacional da Tabela Periódica. O livro é apresentado esta quinta-feira no Porto.

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Manuel João Monte, investigador e autor da obra Adriano Miranda

A peça de teatro que personifica os elementos da tabela periódica (e os coloca a viver num bairro onde discutem de forma bem-humorada e construtiva vários temas da actualidade) deverá subir ao palco lá para Setembro ou Outubro, com apresentações previstas em Lisboa, Porto e Coimbra. No entanto, esta quinta-feira à tarde há uma primeira apresentação à história em dois actos inventada pelo professor de química da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, Manuel João Monte. O livro O Bairro da Tabela Periódica é agora lançado no anfiteatro do Departamento de Física e Astronomia num sessão, às 16h, que inclui a leitura encenada de alguns excertos.

“Nesta peça de teatro divertida, mas não menos rigorosa, Manuel João Monte transforma a tabela num ‘edifício’ imaginário com múltiplos condomínios, em que os ocupantes são os elementos, e onde os entendimentos e os conflitos entre condóminos nos ajudam a ‘viver’ a química — essa química que permite conhecer a estrutura e o funcionamento de nós próprios e do mundo em que vivemos”, escreve o cientista Alexandre Quintanilha no prefácio do livro. O autor já tinha avisado de que tinha mais do que um só objectivo. “O fundo é sério, é científico, a exploração é que é ficcional e tem algum grau de comicidade e de leveza. Mesmo uma clientela científica pode apreciar as piadas porque não estou a cometer nenhuma gaffe ou dizer algo de errado. O que é ficção nota-se que é ficção, o que é sério nota-se que é sério. Tem também um papel pedagógico”, disse Manuel João Monte ​ao PÚBLICO.

E o estilo? O estilo é “ciência em ficção”, avisava, confessando a inspiração em Carl Djerassi (1923 -2015). Manuel João Monte era um admirador e amigo do químico norte-americano que escreveu várias peças de teatro (traduzidas para português por Manuel João Monte) e que é mundialmente famoso por ser considerado um dos “pais” da pílula contraceptiva (ainda que o próprio não gostasse desse título). Manuel João Monte dedicou o livro ao “mestre” Carl Djerassi.

“Cheio de surpresas curiosas e revelações fascinantes, este texto denuncia também a evidência de que, até nos elementos, conseguimos discriminar o género feminino. E, de forma subtil, enquanto transmite noções fundamentais da química, deixa-nos entretidos”, resume ainda Alexandre Quintanilha.

O projecto, patrocinado pela Sociedade Portuguesa de Química, deverá ser levado a cena ainda este ano, para integrar o vasto programa de comemoração do Ano Internacional da Tabela Periódica, apresentada em 1869 por Dmitri Mendeleiev. Esta quinta-feira, a apresentação da obra ficará a cargo de José Ferreira Gomes, Comissário Nacional do programa de comemoração e professor emérito na Universidade do Porto. Este é o livro número 1 de uma nova série que se chama “Fora de Série”, da editora daquela universidade.

A peça de teatro, financiada pela Fundação Calouste Gulbenkian e pela farmacêutica Hovione, será levada à cena entre Setembro e Outubro pela companhia Marionet de Coimbra, dirigida por Mário Montenegro. O Bairro vai visitar Lisboa, Coimbra e Porto, com datas precisas e locais definitivos ainda por definir.

São cinco cenas encaixadas em dois actos para contar as peripécias de um grupo de residentes num bairro, dividido por blocos. A acção passa-se sobretudo em reuniões de condomínio onde se discutem vários temas, entre os quais estão, por exemplo, as questões de género. Um exemplo: “Já reparou que, na língua portuguesa, há apenas dois elementos da tabela periódica que se conjugam no feminino? Prata e platina.”

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