Guterres quis vender casa em Manhattan para ajudar ONU

A casa de quatro andares em Nova Iorque, cujo valor foi estimado em várias dezenas de milhões de dólares, foi oferecida por um bilionário à ONU e não pode ser vendida.

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A residência oficial do secretário-geral da ONU está avaliada em várias dezenas de milhões de euros MIKE SEGAR/Reuters

António Guterres disse a diplomatas, nesta terça-feira, que considerou vender a casa onde vive em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e que é a residência oficial dos secretários-gerais da organização, para ajudar a superar uma grave crise orçamental da estrutura. “A primeira coisa que fiz quando cheguei foi perguntar se podia vender a casa”, disse Guterres, que assumiu o cargo em Janeiro de 2017.

A ONU enfrentava então um buraco orçamental de 1,5 mil milhões de dólares (1,3 mil milhões de euros) nas suas operações de manutenção da paz, bem como outro de 492 milhões de dólares no seu orçamento ordinário devido a projectos por pagar pelos Estados-membros. “Não estou a brincar, é uma história verdadeira”, disse Guterres a membros de uma comissão do orçamento da ONU.

A residência oficial do secretário-geral da ONU é uma casa de quatro andares com um jardim e vista para o East River, em Manhattan. A casa foi oferecida à organização por um bilionário em 1972, e o seu valor é estimado em várias dezenas de milhões de dólares. Contudo, Guterres disse que descobriu rapidamente que os acordos entre as Nações Unidas e os Estados Unidos, anfitriões da organização, não lhe permitiam vender a propriedade.

O português tinha a noção de que as finanças da ONU estavam num estado “crítico” e que a organização na iminência de ter sérios problemas de fluxo de caixa até o final do ano, mesmo com a suposição optimista de que todos os Estados-membros pagassem as suas contribuições integral e pontualmente.

Desde Março de 2018 que António Guterres alerta para a possibilidade de as Nações Unidas estarem a ficar sem liquidez, por causa dos “atrasos no pagamento” das contribuições devidas pelos Estados à ONU. “Os nossos recursos financeiros”, afirmou nessa altura, nunca estiveram tão em baixo tão cedo”. 

Dos 193 países com assento na organização, apenas 112 pagaram as suas contribuições atempadamente. Em resultado, faltavam 139 milhões de dólares (cerca de 119 milhões de euros) ao orçamento da ONU. 

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