Um barco eléctrico sueco de luxo com toque português

O Eelex promete ajudar a revolucionar o conservador mundo da náutica e, apostando forte na sustentabilidade dos materiais utilizados, a construtora X Shore revestiu todo o convés da embarcação com cortiça made in Portugal.

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O design propositadamente minimalista e o preço assumidamente elevado fazem do Eelex um objecto de luxo ao alcance de poucos, mas se as previsões da X Shore se cumprirem, dentro de meia dúzia de anos a construtora sueca conta ter no mercado um outro modelo, que será “um barco do povo”, com valores bem mais acessíveis. Enquanto o futuro não chega, a Fugas foi a Palma de Maiorca para subir a bordo da embarcação que Konrad Bergström começou a projectar em 2012. Um pequeno percalço – “problemas técnicos” – impediu que durante algumas horas o Eelex navegasse no mar das Baleares, mas o chamariz da construtora sueca é sedutor para qualquer marinheiro: a X Shore promete “o poder do silêncio” de “velejar sem vento”.

Numa era em que “pensar verde” deixou de ser apenas uma moda, a necessidade de suprimir a libertação de gases poluentes pelos motores a combustão motivou a mudança de paradigma na mobilidade terrestre. A consciência ambiental levou a que hoje os automóveis eléctricos e híbridos sejam banais nas nossas estradas, mas no conservador mundo da náutica a evolução tarda em chegar. Por isso, apesar de os barcos eléctricos já não serem uma novidade absoluta, o surgimento de um novo projecto continua a ser notícia.

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E o projecto de Konrad Bergström, após seis anos de desenvolvimento, tornou-se agora realidade. Com “uma grande paixão pelo mar”, o fundador da Zound Industries, a empresa de mais rápido crescimento da Suécia – vendeu mais de vinte milhões de auscultadores e auriculares em dez anos com as marcas Marshall e Urbanears –, diz, em conversa com a Fugas, que ao longo dos anos testemunhou como windsurfista e pescador “mudanças no mar e o desaparecimento dos peixes”. Por isso, como “todos viemos do oceano e devemos aprender a cuidar melhor dele”, o sueco acredita que com a X Shore pode ter “o dobro do divertimento”: “Um bom negócio, que permita ao mesmo tempo fazer algo de bem pelo planeta.”

Se o acerto no negócio de Konrad é algo que demorará a ser comprovado, na outra metade do “divertimento” a aposta na electricidade “faz todo o sentido na água”: “Se tiver um carro eléctrico, acima dos 50km/h ouve os pneus em contacto com a estrada. Num barco eléctrico, o único barulho é o da água a passar pela proa, algo extremamente relaxante. Por outro lado, num barco tradicional a motor podemos estar em locais mais maravilhosos, mas o fumo e o cheiro libertado pelo motor fazem-nos sentir doentes. Não deveria ser assim.”

Se a ausência de barulhos e cheiros incomodativos durante a navegação são um prazer e uma mais-valia inequívoca, o Eelex apresenta-se ainda como um barco “económico, durável e inteligentemente projectado”, mas os custos de produção colocam o produto da X Shore no restrito segmento de luxo. Konrad Bergström admite que esta “nova tecnologia é muito cara no início”, mas prevê que “quando a produção aumentar, o preço irá baixar”. “Os primeiros carros da Tesla custavam entre 120 e 140 mil dólares. Agora custam 35 a 40 mil. Tem tudo a ver com escala. A nossa ambição é que, com o tempo, o nosso barco seja um barco do povo. Não será com este modelo, mas nos próximos cinco anos vão surgir grandes novidades.”

O discurso de Konrad Bergström é reforçado por Abozar K., director comercial da X Shore. Com origens iranianas, este parisiense revela à Fugas que a ambição da construtora sueca é “vender dez barcos este ano, 45 no seguinte e dois mil nos próximos cinco anos”. “Quando começarmos a produzir dois mil, os custos vão baixar significativamente. Seremos capazes de vender o Eelex 6500 por menos de 100 mil euros”, afirma. Para já, no entanto, o barco de 6,5 metros da X Shore não pode ser comprado por menos de 240 mil euros.

Apesar do valor exorbitante, Abozar K. refere que o Eelex “vende-se a si próprio” por ser “um barco diferente para ser usado de forma diferente”, sendo “perfeito para servir como embarcação de apoio de um ‘super-iate’, ser usado num lago ou por instituições que trabalhem em locais protegidos que devem ser preservados”. “Não somos os únicos a fazer barcos eléctricos, mas os outros ainda os constroem de forma muito tradicional e não se colocam neste patamar elevado”, explica o francês, que sublinha uma vantagem do seu produto: “Encher um depósito numa embarcação a motor pode custar uns 400 euros. No Eelex esse custo será de 10 euros. Há também a poupança nos custos da manutenção dos motores, que no Eelex não é necessária.”

Construído para ser “flexível e funcional”, o barco sueco teve como fonte de inspiração a “poderosa e silenciosa” enguia eléctrica, bem visível na proa da embarcação, e no design “distinto, limpo e simples” que, segundo Konrad, permitirá “que a 500 metros de distância o barco se confunda com a natureza, mas seja imediatamente reconhecido como um X Shore”. Com a marca a garantir uma longevidade da bateria de “cinco mil recargas”, o Eelex será capaz de atingir a impressionante marca de 40 nós de velocidade máxima, mas a autonomia até 100 milhas náuticas (cerca de 186km) só será uma realidade com velocidades bem mais conservadoras.

Com uma forte aposta na sustentabilidade dos materiais utilizados, algo que Konrad Bergström ainda quer melhorar no futuro, o Eelex tem ainda uma característica que o distingue de praticamente todos os outros barcos: a X Shore revestiu todo o convés da embarcação com cortiça made in Portugal, o que garante mais segurança – é um material que não arde – e durabilidade – a manutenção é muito mais fácil.

A Fugas viajou a convite da X Shore

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