PSD só ganha Vila Real e Madeira. Em Lisboa, vale 16,4%

Quando se olha para o mapa dos distritos de Portugal, há apenas duas manchas laranja. Em Lisboa, o PSD teve apenas 16,4%, ou seja, no maior distrito do país vale metade do PS.

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O presidente do PSD reagiu à derrota do partido quatro horas depois de as urnas terem fechado. Assumiu a sua quota de responsabilidade e pediu mudanças na forma de fazer campanha Paulo Pimenta

O PSD perdeu em todos os distritos do país, menos em Vila Real, onde ficou à frente do PS por menos de um ponto percentual, e na Madeira, onde superou o PS por quase 12 pontos. Todos os outros distritos foram varridos por uma onda rosa. Os dados provisórios disponíveis nesta segunda-feira de manhã (3092 freguesias apuradas de 3092 e 93 consulados apurados de 100) reforçam a ideia de que o PSD é cada vez menos um partido das grandes cidades e do Sul do país.

Em Lisboa, o PSD conquistou apenas 16,4% dos votos nestas eleições europeias, comparativamente a uma média nacional de 21,94%. No conjunto dos concelhos, perdeu em todos, incluindo em municípios onde costumava pontuar, como Cadaval (26,1%), Mafra (21,8%) ou Cascais (20%).

Esta tendência para a “desurbanização” do PSD tem-se acentuado nos últimos actos eleitorais

No Porto, os sociais-democratas ficaram acima da média nacional, com 23,4% dos votos, mas venceram apenas na Póvoa de Varzim (33%) — onde também ganharam nas eleições autárquicas de 2017 — e em Paços de Ferreira (32,57%). Na Trofa registaram 30,3% dos votos, mas mesmo assim acabaram por perder para o PS, tal como em Amarante (28,4%), Maia (22,9%) e Penafiel (28,5%).

Em Portugal continental, o PSD venceu apenas no distrito de Vila Real com 35,8% dos votos, enquanto o PS conquistou 34,1%. Nos Açores, os sociais-democratas não conquistaram nenhum município. Por outro lado, na Madeira o PSD venceu com 37,2% e conquistou nove municípios. 

Tendência das autárquicas acentua-se

O que os resultados provisórios demonstram é uma tendência clara para o PSD perder votos nos grandes distritos do litoral e no Sul. Aconteceu em Lisboa, nas últimas autárquicas, quando Teresa Leal Coelho pôs o PSD no terceiro lugar com números claramente piores do que nas eleições locais anteriores, passando de pouco mais de 22% em 2013 (em coligação com o CDS) para pouco mais de 11% em 2017. Registe-se que, nas eleições europeias de 2014, PSD e CDS tinham já perdido no distrito de Lisboa com 24,1% dos votos, ficando atrás do PS, que registou à data 30,1%.

O desaire autárquico repetiu-se no Porto, onde Álvaro Almeida não chegou aos 11% em 2017. Dois anos antes, nas últimas eleições legislativas, a coligação PSD/CDS-PP havia ganho o distrito do Porto com 39,59% dos votos. Nas europeias de 2014, a coligação PSD/CDS-PP perdeu no distrito do Porto com 27,8%, ultrapassada pelo PS, que, na altura, conquistou 34% dos votos dos eleitores que se dirigiram às urnas para escolher os membros do Parlamento Europeu.

Os piores resultados do PSD

Os piores resultados do PSD a nível distrital verificaram-se em terrenos normalmente mais favoráveis ao PS e à CDU. Ainda assim, comparando com eleições anteriores, as percentagens até agora obtidas baixaram, em alguns casos, cinco pontos (quando comparando com 2009), atirando o PSD para o quarto lugar nas preferências de votos dos eleitores.

Foi o que aconteceu em Setúbal. Há cinco anos, PSD e CDS juntos tiveram 13,91% e ficaram em terceiro lugar. Este valor já representou uma descida face a 2009, altura em que o PSD sozinho obteve 16,45% dos votos. Agora, o PSD deverá ficar-se pelos 10,33%. À sua frente ficaram PS, CDU e Bloco de Esquerda.

Em Beja, o PSD desceu de 13,76% em 2009 para 11,31% em 2014 (com o CDS) e para 8,81% em 2019 (4.º lugar) — o pior resultado eleitoral quando a avaliação é feita ao nível dos distritos. Em Évora, os sociais-democratas mantiveram-se em terceiro, mas ficaram-se pelos 12,26% quando em 2014 tinham chegado aos 15,57% (com o CDS) e em 2009 aos 18,20%.

No extremo oposto, o dos bastiões laranja, o PSD também teve alguns revés. Em Viseu, Leiria e Aveiro, distritos onde a direita venceu há cinco e há dez anos, o PSD passou agora para segundo lugar. A involução em Viseu — o antigo “cavaquistão” — foi de 43,31% em 2009 para 39,92% em 2014 (com CDS) e para 30,66% em 2019. Em Leiria, o PSD deverá obter agora 27,39% (ficando taco a taco com o PS), depois de ter obtido 36,84% em 2014 (com o CDS) e 38,33% em 2009.

Nota: todos os resultados aqui referidos eram os disponibilizados pelas entidades oficiais na segunda-feira, dia 27 de Maio de 2019, pelas 11h30. com Sónia Sapage

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