Socialistas e liberais avisam PPE que não tem força para escolher o sucessor de Juncker

O recado é claro: as possibilidades de Manfred Weber, o cabeça-de-lista do Partido Popular Europeu, vir a ser eleito presidente da Comissão Europeia são zero ou nenhumas.

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Frans Timmermans DANIEL DAL ZENNARO/EPA

A primeira reacção dos presidentes dos grupos dos Socialistas & Democratas, Udo Bullman, e da Aliança dos Democratas e Liberais pela Europa (ALDE), Guy Verhofstad, perante a primeira projecção oficial da distribuição de assentos no próximo Parlamento Europeu não podia ter sido mais clara quanto às reais possibilidades de Manfred Weber, o cabeça-de-lista do Partido Popular Europeu, vir a ser eleito presidente da Comissão Europeia: zero ou nenhumas.

Sem nunca se referir às pretensões do candidato bávaro, que tem o apoio da chanceler da Alemanha, Angela Merkel, ambos consideraram que o próximo chefe do executivo comunitário deve surgir de uma “nova maioria forte e estável no Parlamento Europeu”, uma “nova aliança progressista daqueles que têm interesse num programa para a mudança na Europa”, e não da aplicação do princípio dos Spitzenkandidaten (os cabeças de lista das famílias que compõem o Parlamento) que ainda por cima é rejeitado por algumas bancadas.

Apesar de reter a maior bancada parlamentar, o PPE poderá ser, a confirmarem-se as indicações das sondagens, o grupo que mais membros perde na próxima legislatura. “Já não tem a força política necessária para liderar a Europa ou decidir quem é o próximo presidente da Comissão Europeia”, concluiu o líder da bancada socialista, Udo Bullman.

A distribuição dos cargos de topo nas instituições europeias “não é um monopólio natural do PPE”, sublinhou, considerando que face aos resultados, até é o seu candidato Frans Timmermans que está em melhor posição para negociar apoios no hemiciclo para levar a cabo um programa “ambicioso” de “combate” — às alterações climáticas, à evasão fiscal e à pobreza infantil.

Notoriamente satisfeito com um resultado que classificou como “histórico”, o belga Guy Verhofstadt falou na mesma linha, reclamando para seu grupo — reforçado com mais 19 membros — o estatuto de king maker. Com estes resultados, vincou, “já não teremos, como no passado, dois grupos a distribuir cargos entre eles”. O ALDE está preparado e “disponível” para negociar uma “nova maioria de governo forte e estável, tanto no Parlamento Europeu como nas instituições”, prosseguiu.

A prioridade é iniciar as negociações “com os outros grupos pró-europeus” para encontrar um “programa forte e consistente” e que “recolha o maior apoio possível”, acrescentou.

Em nome do PPE, a vice-presidente, Esther De Lange, parecia conformada. Mas avisou que “como maior grupo, o PPE tem a responsabilidade de liderar as negociações”, considerou, lembrando que perante a fragmentação das forças no novo Parlamento, “terá sempre de ser a partir do centro que se vai encontrar uma solução estável”.

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