Rating português mais perto de superar o italiano

Agência Fitch subiu de “estável” para “positiva” a perspectiva do rating português, abrindo a porta para uma futura subida da classificação para BBB+, a um passo do patamar A, perdido dias antes da chegada da troika ao país.

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LUSA/ARIS OIKONOMOU

As possibilidades de Portugal passar a ter, numa das principais agências de notação financeira do mundo, um rating superior ao de Itália aumentaram esta sexta-feira, com o anúncio da Fitch de que a perspectiva da classificação atribuída a Portugal passou de “estável” para “positiva”.

Uma perspectiva “positiva” é um aviso dado pela agência de que está a ponderar uma subida do rating (uma avaliação da capacidade do Estado fazer face às suas dívidas), que neste momento se encontra em BBB, isto é, dois níveis acima do nível “lixo” e dois níveis abaixo de um rating A. Se a Fitch acabar por se decidir por uma subida (o que pode acontecer durante os próximos 12 meses), o rating atribuído a Portugal passaria a ser de BBB+, aproximando-se de A, um nível que na zona euro apenas não é conseguido também pela Itália, Grécia e Chipre - e que Portugal não regista desde a primeira semana de Abril de 2011, poucos dias antes da chegada da troika ao país.

A Fitch fica também ainda mais próximo de ser a primeira grande agência de notação financeira internacional a atribuir a Portugal um rating superior ao da Itália. Actualmente, nas três grandes agências (Fitch, Standard & Poor’s e Moody’s), Portugal e Itália têm classificações iguais. No caso da Fitch, para além de agora estar a sinalizar uma eventual subida do rating português, também existe a possibilidade de se decidir por uma descida do rating italiano, já que a perspectiva é já vários meses “negativa”.

Na nota em que anunciou a decisão de elevar a perspectiva relativamente ao rating português, a agência justifica a decisão essencialmente com os esforços de consolidação orçamental que têm vindo a ser feitos por Portugal nos últimos anos, destacando o facto de se estar a registar uma descida do peso da dívida pública no PIB, que, antecipa, se deverá manter nos próximos anos. “A Fitch espera que o recente historial de descida do rácio da dívida se mantenha”, escrevem os responsáveis da agência.

A previsão é a de que, depois de uma dívida de 121,5% em 2018, esta caia para 118% em 2019, mantendo uma trajectória descendente nos anos seguintes, que a coloque nos 104% do PIB em 2023.

Para o défice, a Fitch é menos optimista que o Governo, antecipando um valor de 0,5% este ano, igual ao de 2018, justificando este resultado com o facto de estar à espera de menos crescimento económico. A previsão de variação do PIB é de 1,7% este ano e de 1,5% no próximo.

A Fitch diz que os factores que mais podem contribuir para a concretização de uma subida do rating são a manutenção de uma trajectória descendente da dívida e “uma melhoria do potencial de crescimento de longo prazo sem que sejam criados desequilíbrios macroeconómicos”.

Pela negativa, aquilo que poderia levar a uma descida do rating seria uma inversão de tendência na dívida e “novos dificuldades no sector financeiro que exijam um apoio significativo do sector público”.

Numa reacção imediata à decisão da Fitch, o Ministério das Finanças publicou uma nota em que destaca os elogios feitos pela agência, ligando-os à acção do Governo. “O crescimento expressivo do investimento, a estabilização do sector financeiro, o reequilíbrio das contas externas e os progressos alcançados na consolidação estrutural das contas públicas resultam da estratégia seguida pelo actual Governo”, afirma-se na nota das Finanças.

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