Lula da Silva felicita Chico Buarque pelo Prémio Camões

“A Globo teve que colocar você no ar em horário nobre”, congratulou-se o ex-Presidente brasileiro, preso desde Abril do ano passado.

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Chico Buarque é um reconhecido apoiante de Lula da Silva Ricardo Stuckert/Instituto Lula

O ex-Presidente brasileiro Lula da Silva, preso em Curitiba desde Abril do ano passado, escreveu uma carta ao músico e escritor Chico Buarque felicitando-o pela atribuição do Prémio Camões 2019.

Na carta, partilhada nas redes socais do antigo chefe de Estado, Lula diz estar feliz pelo músico e escritor brasileiro e frisa que a felicidade foi maior ao ver que a TV Globo tinha sido forçada a dar destaque a Chico Buarque: “Fiquei feliz pelo prémio, mas muito mais feliz porque a [TV] Globo teve que colocar você no ar em horário nobre, pela primeira vez vi a sua cara na Globo”, escreveu o histórico líder do Partido dos Trabalhadores.

Em retribuição, Chico Buarque e a sua namorada, a jurista e professora de Direito Internacional da UFRJ Carol Proner, enviaram a Lula da Silva uma fotografia dos dois fazendo o gesto da letra “L”, símbolo do lema “Lula Livre”.

Alinhado à esquerda do espectro político, o músico e escritor tem sido uma voz activa do movimento de apoio à libertação de Luiz Inácio Lula da Silva, que cumpre pena em regime fechado, na sede da Polícia Federal em Curitiba, por corrupção passiva e branqueamento de capitais. “Estamos todos juntos pela liberdade de Lula. É o mínimo que podemos exigir numa democracia diante do descalabro que foi o seu processo de condenação por magistrados que não têm isenção para julgar e por falta absoluta de provas. É uma vergonha para o Brasil”, disse Chico Buarque à imprensa, no mês passado.

“A defesa da libertação do Presidente Lula é a defesa da democracia, as duas coisas se confundem. Enquanto tivermos Lula como preso político, que é o caso, nós não somos uma legítima democracia”, acrescentou o músico e escritor, num acto a favor da libertação do ex-chefe de Estado.

Chico Buarque tem-se mostrado também um forte crítico do novo Governo brasileiro. Em Janeiro passado, sobre o executivo do Presidente Jair Bolsonaro, o vencedor do Prémio Camões 2019 disse que “com esses ministros, é preferível que Cultura não tenha ministério”, referindo-se à extinção daquela entidade, agora reduzida a Secretaria Especial.

O actual governante brasileiro ainda não se posicionou publicamente acerca da atribuição a Chico Buarque do Prémio Camões, instituído por Portugal e pelo Brasil em 1988, com o objectivo de distinguir um autor “cuja obra contribua para a projecção e reconhecimento do património literário e cultural da língua comum” e financiado em partes iguais pelos dois países.

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