EDP alia-se à Engie para criar gigante das renováveis no mar

Parceria entre portugueses e franceses vai ter sede em Madrid, onde está a EDP Renováveis. O presidente executivo será Spyridon Martinis, da EDP Renováveis.

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A EDP e a Engie já são parceiras no projecto Windfloat em Viana do Castelo © Jose Manuel Ribeiro / Reuters

A EDP e a francesa Engie anunciaram esta terça-feira uma parceria para as renováveis no mar. As duas empresas, que têm colaborado em projectos de energia eólica offshore em França e no Reino Unido, vão criar uma entidade controlada em partes iguais através da qual irão concentrar os seus investimentos nesta tecnologia.

A EDP e a Engie “partilham a convicção” de que a energia offshore é uma tecnologia de futuro, salientou a presidente da empresa francesa, Isabelle Kocher, na apresentação, realizada em Londres. O presidente da EDP, António Mexia, repetiu a ideia e recordou “que as empresas “têm a mesma visão” sobre qual vai ser o futuro do sector eléctrico e têm também pessoas que “já trabalham juntas há muito tempo”. “É um “movimento natural” considerou.

Cerca de um mês depois de os accionistas da EDP reunidos em assembleia geral terem posto um ponto final na Oferta Pública de Aquisição (OPA) da China Three Gorges, António Mexia anuncia uma parceria com uma das principais empresas mundiais do sector das renováveis, um movimento que pode ser lido como uma espécie de contraponto à influência chinesa num negócio que será um dos principais pilares de crescimento do grupo.

A empresa conjunta nasce com a ambição de ser líder neste sector de mercado, mas surge desde “o primeiro dia” como o quinto maior operador deste mercado, tendo em conta as operações combinadas, já em construção ou desenvolvimento, frisou a gestora francesa.

A meta é atingir 5 a 7 gigawatt (GW) em operação ou construção até 2025 e outros 5 a 10 GW em fase de desenvolvimento, na mesma data, revelaram as empresas.

Esta joint-venture (JV), cujo nome ainda não é conhecido, terá como presidente executivo, Spyridon Martinis, da EDP Renováveis. Os termos da parceria exclusiva entre a Engie (onde o Estado francês tem uma posição de 24,1%) e a EDP deverão estar finalizados até ao final do ano. As parceiras vão desenvolver conjuntamente projectos de eólica fixa ao fundo do mar e eólica flutuante e pretendem que os projectos desta unidade sejam auto-financiáveis.

As empresas destacaram o facto de o custo da tecnologia estar a descer - na Europa, o custo por megawatt da eólica offshore em 2014 andava nos 150 euros, agora está nos 60 euros e, até 2030, deverá baixar até aos 50 euros - e de haver planos para reforçar a capacidade instalada nos vários mercados onde as empresas já estão, como o Reino Unido, os Estados Unidos, a França, a Bélgica e Portugal (através do projecto Windfloat, na costa de Viana do Castelo).

Além disso, as empresas já identificaram outros mercados em que pretendem apostar, como o Japão e a Coreia do Sul. “Até 2030 há um grande potencial [de crescimento] que nós podemos atacar melhor juntos do que em separado”, afirmou Mexia. A expectativa é que os 22 GW instalados actualmente a nível mundial aumentem até 154 GW até 2030.

O presidente da EDP sublinhou também que as duas empresas “têm a mesma visão sobre onde gastar o dinheiro dos investidores” e que, por isso, procuram mercados com enquadramentos regulatórios estáveis, com possibilidade de realizar contratos de longo prazo, que permitam ter “visibilidade sobre as receitas”.

Da base combinada de activos em construção ou desenvolvimento, 1262 megawatt já contam com tarifas subsidiadas (como é o caso do parque flutuante Windfloat) ou contratos de venda de electricidade de longo prazo.

“A JV vai apostar primeiro em mercados europeus, nos Estados Unidos e algumas geografias asiáticas, de onde se espera a maior parte do crescimento refere o comunicado conjunto.

A jornalista viajou a convite da EDP

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