Centeno quer que CGD use “todos os mecanismos” para recuperar dívida de Berardo

O ministro das Finanças reagiu às declarações de Joe Berardo no Parlamento e quer que seja feito tudo o que está ao alcance da lei para reaver o dinheiro que está em dívida ao banco público.

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Mário Centeno quer que seja feito tudo ao alcance da lei LUSA/MÁRIO CRUZ

O ministro das Finanças quer que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) use “todos os mecanismos legais” para recuperar as dívidas de Joe Berardo. Em entrevista à rádio Renascença, Mário Centeno comentou as declarações do comendador Joe Berardo, que na última sexta-feira foi ouvido no Parlamento a propósito de créditos que criaram imparidades de vários milhões no banco público. 

“Como ministro das Finanças, quero que a Caixa Geral de Depósitos cumpra o mandato que eu lhe dei, que foi bastante claro sobre a gestão da CGD e a valorização do património”, começou por contextualizar. "Todos queremos, acho, para além de mim que sou ministro das Finanças, que a perda que está infligida em termos contabilísticos e financeiros, aos bancos, em particular à CGD possa ser recuperada”, sublinhou.

Mário Centeno deixou depois um recado à CGD a propósito da recuperação das perdas financeiras. “Espero que sejam activados todos os mecanismos legais”, asseverou.

O ministro das Finanças comentou “a atitude” de Joe Berardo na audição do Parlamento no quadro da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à CGD​, recorrendo-se da posição assumida pelo primeiro-ministro. Para Centeno, António Costa “​foi muito claro sobre a avaliação que fazemos”. “As empresas e os indivíduos não existem fora do quadro de importância que têm para a sociedade portuguesa. Há um momento em que todos temos de crescer para essa responsabilidade”, respondeu.

Em causa está a atitude de Joe Berardo, que recusou ser devedor. “Eu pessoalmente não tenho dívidas, agora eu tenho tentado ajudar” disse, antes de consultar o seu advogado e retomar o discurso. “Eu pessoalmente não tenho dívidas, claro que não tenho dívidas”, reafirmou, em resposta à deputada bloquista Mariana Mortágua sobre o facto de títulos da associação que detém a colecção Berardo estarem penhorados​ por causa dos empréstimos contraídos pela fundação.

A CGD, o BCP e o Novo Banco, com uma exposição de quase mil milhões de euros a Joe Berardo, queixam-se que o seu cliente quebrou os compromissos assumidos e movimentou-se nos bastidores para os afastar do acesso e do controlo da associação que detém a colecção de arte moderna parqueado no Centro Cultural de Belém, a única garantia com valor que receberam. Mas a solução foi afastada pelo investidor madeirense. "No primeiro contrato, Sócrates exigiu que tivesse opção [de compra] da colecção [pelo] Estado. Quando foi o segundo contrato, eu disse: aí já não vai”, afirmou na audição.

No final do mês passado, a CGD, BCP e Novo Banco entregaram no Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa uma acção executiva para conseguir reaver parte do que emprestaram a Berardo (962 milhões, 162 mil, 180 euros e 21 cêntimos).

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