Agravamento do estado de soldado em formação obriga a transferência para o Curry Cabral

Recruta de 23 anos foi transferido por volta do meio-dia desta quarta-feira. Outros militares da mesma prova de uma formação do Exército “estão bem”.

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Exercícios no Campo Militar de Santa Margarida em 2017 LUSA/PAULO NOVAIS

Os resultados das análises realizadas na manhã desta quarta-feira ao soldado que ontem se sentiu mal numa prova no Campo de Santa Margarida mostraram “um agravamento da sua situação”. Devido a esse agravamento, o militar foi transferido de helicóptero esta quarta-feira para o Hospital Curry Cabral, em Lisboa. A informação foi prestada ao PÚBLICO pela porta-voz do Estado-Maior do Exército (EME), major Elisabete Silva.

O homem de 23 anos sentiu-se mal quando estava a 300 metros de terminar a prova de nove quilómetros. Foi socorrido no local por uma equipa médica militar com ambulância. Dali foi transferido para o centro de Saúde de Tancos (a cerca de três quilómetros do campo de Santa Margarida), onde recebeu mais apoio médico. Foi accionado o INEM, que transportou o ferido para o hospital de Abrantes numa ambulância VMER (Viatura Médica de Emergência e Reanimação). Terá sofrido um golpe de calor.​

Foi internado na Unidade de Cuidados Intensivos daquele hospital de onde vai ser transferido para o Curry Cabral, um hospital com maior capacidade de resposta nestas situações. A informação clínica disponível é limitada. A mais recente avaliação do estado do soldado, realizada esta manhã, “aconselhou à sua transferência”, disse a porta-voz. 

A major Elisabete Silva garantiu que os outros militares que participaram no mesmo percurso, ontem à tarde, “estão perfeitamente bem”. “Era um exercício normal que todos nós militares fazemos.” A prova está inserida num curso de formação de seis semanas para promover os soldados a cabo. “Esta semana é a última do curso. É a semana de consolidação de todas as capacidades e conhecimentos adquiridos durante a formação”, frisou. 

Marcha e corrida

O exercício consistia num “percurso topográfico” de nove quilómetros, que os participantes têm de cumprir num determinado intervalo de tempo, para não reprovarem. “Eles próprios gerem o seu esforço físico”, entre os tempos de marcha e de corrida. Ao longo do percurso, estavam colocados três pontos de apoio com água, para o caso de os participantes necessitarem de assistência. A hidratação estava “garantida”, disse a oficial. 

A temperatura máxima na zona do Campo Militar de Santa Margarida, no distrito de Santarém, situou-se ontem entre os 33 graus Celsius e os 34,3 graus Celsius, segundo os dados do Instituto Português do Mar e da Atmosfera. Esses máximos foram atingidos entre as 16h e as 18h. O soldado sentiu-se mal perto das 17h.

O golpe de calor, ontem associado à situação de emergência, ainda carece de confirmação clínica. “Os sintomas eram de um golpe de calor mas as causa poderiam não ser”, disse ainda a porta-voz do Exército. Se for, o jovem fica em risco de falência do fígado, o que só seria tratado com um transplante de fígado.

Questionada sobre a gravidade da situação e a eventualidade de um risco de falência hepática, como aconteceu com os dois soldados que faleceram por golpe de calor no curso 127 dos Comandos em Setembro de 2016, Elisabete Silva disse, de manhã: “A situação não é de todo semelhante”. Da parte da tarde, enquanto decorria uma avaliação médica do doente na Unidade dos Cuidados Intensivos de nível 3 (o menos grave) do Curry Cabral apenas informou que “não há confirmação” de se tratar de uma falência hepática. “A análise médica está a decorrer” e a transferência só foi decidida por precaução “para o caso de a situação se agravar”. 

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