Autoridade de Duterte sai reforçada após eleições legislativas

Candidatos próximos do polémico Presidente das Filipinas dominam Senado e Câmara dos Representantes, numa eleição que dá corpo à sua taxa de aprovação histórica.

Foto
Rodrigo Duterte, Presidente das Filipinas EPA/MARK R. CRISTINO

O nome de Rodrigo Duterte não constava dos boletins de voto, mas foi ele o grande vencedor das eleições legislativas filipinas, realizadas na segunda-feira. Os resultados revelados esta terça-feira ainda não são oficiais, mas apontam para a eleição da grande maioria dos candidatos ao Congresso que apoiam o Presidente das Filipinas e a sua agenda política, entendida pela oposição e por parte da comunidade internacional como repressiva e restritiva de direitos humanos.

Mais importante do que a renovação da maioria de deputados na Câmara dos Representantes – os resultados provisórios apontam a eleição de 245 de 297 lugares, entre eleitos do PDP, de Duterte, e de partidos aliados –, é a conquista de nove dos 12 cargos de senadores que estavam em disputa nestas eleições.

Historicamente menos influenciável à agenda partidária, o Senado sempre vestiu a pele de câmara mais independente do Congresso das Filipinas e assumiu o papel de contrapeso ao poder executivo da presidência. 

Mas feitas as contas, serão 18 os senadores pró-Duterte, numa câmara com 24 lugares, que, segundo os analistas, não colocarão entraves aos planos do Presidente de alterar a Constituição, legalizar a pena de morte, restringir a liberdade de imprensa e por em marcha um oneroso plano de investimento em obras públicas. 

Para além disso, deverão dificultar ao máximo as investigações ao Governo e à polícia sobre os cinco mil mortos resultantes do combate ao narcotráfico – uma das bandeiras da administração Duterte, que lidera as Filipinas desde 2016.

Citado pela Reuters, um porta-voz da presidência assume que o resultado espelha os méritos da governação do polémico e desbocado Presidente: “Não há dúvida que a magia de Duterte fez a diferença. As pessoas anseiam por estabilidade e pela continuidade das reformas genuínas que esta administração iniciou. E querem um Senado construtivo, não obstrucionista”

Entre os novos senadores, escreve a agência noticiosa, constam um dos generais responsáveis pela liderança da guerra do Presidente às drogas, a filha do antigo ditador Ferdinand Marcos, uma estrela de cinema e a mulher do homem mais rico das Filipinas.

As legislativas de segunda-feira eram encaradas como um referendo a Rodrigo Duterte que, depois de uma ligeira quebra na taxa de aprovação, em Setembro – em parte por causa da retracção económica das Filipinas –, cumpriu os primeiros meses de 2019 com 79% de apoios, de acordo com instituto Social Weather Stations.

“Os apoios ao Presidente transferiram-se para os que o apoiam, principalmente porque goza da taxa de aprovação mais alta de sempre”, diz ao Los Angeles Times Eduardo Araral, professor filipino, de Políticas Públicas, da Universidade Nacional de Singapura.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários