Urso-pardo detectado em Montesinho pode já ter voltado para Espanha

ICNF não encontrou sinais do exemplar de urso-pardo cuja presença foi confirmada em território português na semana passada.

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Urso-pardo num jardim zoológico na Alemanha REUTERS/CHRISTIAN CHARISIUS

O urso-pardo que foi detectado no Parque Natural de Montesinho, em Bragança, pode já ter voltado para Espanha, mais concretamente para a subpopulação ocidental da Cantábria, a que as autoridades espanholas acreditam que pertença. 

“É uma hipótese que não podemos confirmar com toda a certeza, mas é plausível, considerando que não temos tido nenhum tipo de contacto nos últimos dias”, explicou ao PÚBLICO o director do Departamento Norte do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF), Armando Loureiro.

Desde 8 de Maio, dia em que foi confirmada a presença do exemplar do urso-pardo em território português, que o ICNF não registou nenhuma prova nova da sua presença no Parque Natural de Montesinho.

Segundo Armando Loureiro, a única forma de as autoridades terem certeza sobre se o exemplar de urso-pardo já regressou a Espanha ou continua em Portugal era se o animal estivesse de alguma maneira marcado e se pudessem ter acesso à sua localização ou locais por onde passou. “Temos uma rede muito boa, mas o Parque Natural de Montesinho tem 100 mil hectares e não temos uma câmara ou uma pessoa por cada meio quilómetro quadrado, daí ser impossível termos a certeza que o animal já cá não está”, refere o director do Departamento Norte do ICNF.

O facto de o urso-pardo ter sido detectado numa zona muito próxima da fronteira espanhola leva Armando Loureiro a acreditar que isso pode ter ajudado o seu regresso. “Estamos em constante contacto com as autoridades espanholas, que confirmarão a chegada daquele exemplar mal o detectem”, diz.

Este exemplar de urso-pardo pertence a um grupo de “indivíduos dispersantes, errantes de uma população que é bastante densa da Cordilheira Cantábrica”, movimentando-se bastante. “Eles não conhecem fronteiras e, portanto, estamos nessa franja de expansão.”

O director do Departamento Norte do ICNF referiu ainda que os machos jovens possuem uma tendência para se dispersarem, enquanto “as fêmeas tendem a ficar no local onde nascem”. “Como eles conseguem percorrer grandes distâncias e há bastantes [exemplares] no Norte da Península Ibérica, é natural que façam este tipo de incursões”, referiu Armando Loureiro.

O urso-pardo que se acredita ter chegado a Portugal no fim de Abril também “assaltou” várias colmeias na zona de Montesinho e consumiu mais de 50 quilos de mel, bem como das abelhas, de um apicultor local.

Os apiários dos quais o urso-pardo se alimentou por diversas vezes pertenciam à empresa de mel Apimonte. Ao PÚBLICO, o dono da empresa, Luís Correia, explicou que no dia 29 de Abril, aquando de uma visita a um dos apiários da empresa que fica “a uns 700 metros” da fronteira espanhola, reparou que uma das redes tinha sido parcialmente destruída e que lhe faltava uma das colmeias. O apicultor acabou por encontrar a sua colmeia já sem mel, ou abelhas, a alguns metros, bem como algumas marcas e pegadas que foram confirmadas como sendo de um exemplar de urso-pardo.

Esta sexta-feira, uma fonte do ICNF disse à agência Lusa que a probabilidade de existirem outros exemplares de urso-pardo no Parque Natural do Montesinho “é muito baixa” devido ao tamanho e “comportamento destes animais”. “A dimensão dos ursos e comportamento desta espécie promove o seu avistamento e a fácil identificação de indícios de presença no território”, esclareceu a mesma fonte do ICNF.

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