Coreia do Norte põe Exército em “prontidão total”

Líder norte-coreano responde à apreensão de um navio cargueiro pelos EUA. Presidentes dos EUA e da Coreia do Sul dizem que Kim Jong-un continua disposto a negociar, mas ainda “não está preparado para isso”.

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A Coreia do Norte pode ter testado o sistema russo Iskander LUSA/JEON HEON-KYUN

Kim Jong-un ordenou o reforço da capacidade de ataque das forças armadas norte-coreanas, horas depois de uma nova série de testes com mísseis. Após um período de relativa calma na península, com a aproximação entre o líder norte-coreano e o Presidente norte-americano, Donald Trump, o falhanço das negociações entre os dois líderes levou a uma nova subida da tensão.

A ordem para a “prontidão total” do Exército da Coreia do Norte, dada por Kim e anunciada pela agência estatal do país, chega depois de os EUA terem apreendido um navio de carga norte-coreano que transportava, segundo Washington, um carregamento ilegal de carvão, em violação das sanções internacionais.

A subida da tensão surge depois de um impasse no diálogo entre Kim e Trump, que encurtaram a segunda cimeira, no Vietname, quando se verificou que o líder norte-coreano não abre mão do fim de algumas sanções em troca do desarmamento nuclear.

“Kim insistiu na necessidade de aumentar a capacidade das unidades de defesa na zona Este, para levar a cabo acções de combate e manter a prontidão em face de uma emergência”, disse a agência KCNA.

O líder norte-coreano frisou que “a paz e a segurança do país só podem ser asseguradas com uma força física capaz de defender a sua soberania”. E pôs em marcha “tarefas importantes para reforçar a capacidade de ataque”, diz a KCNA.

O lançamento de dois mísseis de curto alcance, na quinta-feira, e o disparo de vários outros projécteis no sábado passado foram os primeiros testes norte-coreanos desde Novembro de 2017, quando a Coreia do Norte disparou um míssil balístico intercontinental.

Depois disso, Kim Jong-un declarou que a sua força nuclear estava concluída e aceitou participar em três cimeiras com o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e em duas com o Presidente norte-americano.

Tanto Trump como Moon disseram que os mais recentes testes norte-coreanos não põem em causa o diálogo que foi iniciado no último ano.

“Eu sei que eles querem negociar, mas acho que ainda não estão prontos para isso”, disse Trump aos jornalistas. “Lançaram mísseis mais pequenos, de curto alcance. Ninguém fica contente, mas vamos olhar para isto com atenção.”

O Presidente sul-coreano disse que os testes são uma reacção ao falhanço da segunda cimeira entre Kim e Trump, em Hanói, em Fevereiro, e também ele está convencido de que a Coreia do Norte quer continuar as negociações.

Carregamento “ilegal"

Os mísseis norte-coreanos foram lançados a partir de Kusong, uma área a Noroeste de Pyongyang – um deles voou 420 km e o outro 270 km, a uma altitude de 50 km, segundo a Coreia do Sul.

Os sul-coreanos e os norte-americanos estão ainda a analisar os testes, para perceberem se foi usado o sistema Iskander desenvolvido pela Rússia, disse o deputado sul-coreano Ahn Gyu-baek, líder da comissão de Defesa do Parlamento de Seul.

Os analistas dizem que a realização de vários testes mostra que a Coreia do Norte está a preparar-se para colocar no terreno uma linha de mísseis que pode ser usada como primeira reacção num cenário de guerra com os EUA e a Coreia do Sul.

A Casa Branca não deu nenhuma indicação de que pode ceder às exigências norte-coreanas para o levantamento de algumas sanções, e na quinta-feira anunciou a apreensão de um navio da Coreia do Norte que transportava, segundo Washington, um carregamento ilegal de carvão.

O Departamento de Justiça norte-americano disse que o navio de 17 mil toneladas é um dos maiores da frota norte-coreana e que já tinha sido apreendido uma vez, em Abril de 2018. Segundo o Exército norte-americano, a apreensão não está relacionada com os testes norte-coreanos.

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