António Costa vai ter “voz activa” na escolha dos próximos líderes da UE, mas não será candidato a nenhum cargo

Primeiro-ministro desvaloriza notícia do Financial Times que o apontava como um dos nomes possíveis para a presidência da UE. “Não sou candidato a nada a não ser às funções que exerço em Portugal”, garantiu.

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Primeiro-ministro comenta notícia do Financial Times Nuno Ferreira Santos

António Costa não acredita em tudo o que lê no Financial Times. O primeiro-ministro rejeitou esta quinta-feira a hipótese de vir a ser indicado para a presidência do Conselho Europeu, como escreveu o diário financeiro britânico, que o nomeou como um dos possíveis candidatos ao cargo actualmente desempenhado pelo polaco Donald Tusk. “É muito elogioso, mas eu não sou candidato a nada a não ser às funções que exerço em Portugal”, garantiu António Costa à chegada à cimeira informal de chefes de Estado e de governo da União Europeia em Sibiu, na Roménia.

Mas se se pôs de fora da corrida à presidência do Conselho Europeu, Costa não deixou de prometer ter uma “voz activa na decisão de qual deva ser a equipa dirigente da União Europeia” a seguir às eleições de 26 de Maio. Donald Tusk desafiou os 27 líderes presentes em Sibiu a lançar as bases do debate sobre a futura distribuição dos cargos de topo no Parlamento, Comissão e Conselho Europeu, bem como de alto-representante da UE para a Política Externa e presidente do Banco Central Europeu.

Para já a conversa é preliminar — como lembrou Costa, “os lugares dependem em primeiro lugar do resultado das eleições europeias”, pelo que só dentro de 15 dias se poderá falar com base em factos concretos. O presidente do Conselho deverá convocar os líderes para uma nova reunião informal em Bruxelas logo a seguir à votação para o Parlamento Europeu, provavelmente a 28 de Maio.

Como muitos outros líderes, António Costa reclama a primazia do Conselho na indicação do nome do futuro presidente da Comissão Europeia, rejeitando que o método de nomeação do cabeça de lista da família política com mais votos para o Parlamento (conhecido como o sistema de “Spitzenkandidaten”) deva ser aplicado de forma automática. Ainda assim, o primeiro-ministro português acredita que será possível designar um nome entre aqueles que já se perfilaram para suceder a Jean-Claude Juncker à frente do futuro executivo comunitário.

“Acho que temos boas condições para poder encontrar no Conselho uma maioria favorável a propormos um presidente da Comissão que seja um dos Spitzenkandidat nestas eleições e que recolha uma maioria no Parlamento Europeu”, afirmou António Costa. Mas para o primeiro-ministro esse candidato não é o alemão Manfred Weber, cabeça de lista do Partido Popular Europeu, mas sim o holandês Frans Timmermans, da sua própria família socialista.

“Entre os diversos candidatos há aqueles que claramente dividem todos, e há um que facilmente une todos”, distinguiu. “Acho que Timmermans é claramente um factor de união e não um factor de divisão”, acrescentou.

Costa aposta, de resto, num bom resultado dos socialistas nas eleições europeias. “Durante muitos anos ouvi dizer que a família socialista, social-democrata e trabalhista estava em perda. Agora aquilo que constatamos é que está, pelo contrário, em alta”, observou, baseando a sua análise nos dados das sondagens que sugerem uma “subida muito significativa dos socialistas ao longo dos últimos meses”.

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