Nuno Melo acusa PS de “nacionalizar” a campanha: “É trágico ver o primeiro-ministro fazer isto”

Cabeça de lista do CDS ao Parlamento Europeu diz que o grande derrotado da crise política é o discurso europeu.

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Nuno Melo MANUEL DE ALMEIDA / LUSA

Nuno Melo não tem dúvidas: fosse Pedro Marques um candidato forte, o PS e o primeiro-ministro não estavam a “provocar” uma crise. O cabeça de lista do CDS às eleições europeias de 26 de Maio passou esta terça-feira na Madeira, onde acusou António Costa de estar a “nacionalizar” a campanha.

“O PS começou a perceber que a campanha eleitoral para as europeias revelou um desempenho em sentido descendente e, por causa disso, escondeu o seu próprio cabeça de lista e tentou lançar como protagonista o primeiro-ministro”, disse ao PÚBLICO à margem de uma visita à Madeira Wine Company, no Funchal, considerando que, se nem a esquerda nem a direita ganham com a crise em torno dos professores, o maior derrotado é mesmo o “discurso” europeu.

“A União Europeia e os fundos comunitários são tão determinantes para Portugal que chega a ser trágico ver o primeiro-ministro desvalorizar isto, como tem feito”, continuou, depois de enumerar exemplos da aplicação de verbas europeias nos locais por onde passou na Madeira. “Praticamente 80% do investimento publico português é dinheiro da União Europeia. Temos que ter a noção disto”, insistiu Nuno Melo, estabelecendo um paralelo entre a questão dos professores como a “dramatização” feita em torno da aprovação do PEC IV em 2011. Os protagonistas, comparou, com excepção do primeiro-ministro são praticamente os mesmos.

O candidato centrista argumenta que foi também por isso que trouxe José Sócrates para a campanha. “Para mim chega a ser um exercício de puro cinismo que políticos que foram governantes entre 2005 e 2011, deixando no fim desse ciclo o país arruinado, trazendo a troika e um programa de austeridade, em eleições europeias queiram nacionalizar estas eleições e tenham o topete de, por razões eleitorais, estabelecer uma relação entre o anterior Governo e essa mesma austeridade”, afirmou, dizendo que o antigo primeiro-ministro e António Costa pertencem à mesma escola.

E insiste: basta olhar para a maioria dos ministros e secretários de Estado do actual Governo – “primeiro-ministro incluído” – e ver que integraram os executivos de Sócrates. “E quando o primeiro-ministro António Costa quer fazer de conta que não teve nada a ver com esse tempo, e pelo contrário tenta trazer o tempo intermédio para as eleições, o que eu faço é mostrar a fotografia [de Costa e Sócrates].”

“Se [a actuação do primeiro-ministro] fosse coincidente com os cartazes que pendura no país ["Nós Somos Europa"] e quisesses realmente discutir a Europa”, esta questão da demissão por causa do tempo de serviço dos professores “não era suscitada”, garantiu Nuno Melo, que começou o dia com uma visita a uma empresa tecnológica sediada no Centro Internacional de Negócios da Madeira e terminou com um jantar comício.

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