Sindicatos de professores contam com isolamento do PS em votação final

“Acho estranha esta interpretação de que isto já caiu só porque o PS vota contra”, diz o líder da Fenprof. Sindicatos preparam uma carta aos partidos com assento parlamentar.

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O secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira Paulo Novais/Lusa

Os sindicatos contam com o isolamento do PS na votação final das propostas que consagram a contagem integral do tempo de serviço aos professores, já que a abstenção da esquerda às condições da direita garante esse objectivo.

É neste sentido que os dez sindicatos de professores reunidos em plataforma para lutar pela contagem dos nove anos, quatro meses e dois dias de serviço, estão a preparar uma carta aos partidos com assento parlamentar.

“O PS sozinho não consegue fazer valer a sua posição [de apenas contar dois anos, nove meses e 18 dias do tempo de serviço congelado por razões orçamentais]. Os partidos à esquerda do PS nem têm de votar a favor os diplomas do PSD e do CDS-PP, que são muito semelhantes, basta que não votem contra”, disse à agência Lusa o secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira.

O apelo aos partidos visa desbloquear a situação dos professores, apesar de os diplomas do PSD e do CDS-PP conterem condições para a contagem integral do tempo de serviço dos docentes, relacionadas com a evolução da situação económica e financeira do país. Condições que os sindicatos estão habituados a ver à mesa da negociação, como frisou Mário Nogueira.

“Há mais partidos no parlamento, não há só o PS. O PSD até tem mais deputados. Acho estranha esta interpretação de que isto já caiu só porque o PS vota contra”, sublinhou.

Também o secretário-geral da Federação Nacional da Educação (FNE), João Dias da Silva, mantém a expectativa de ver viabilizada a posição do PSD e do CDS-PP.

“Parece que não foi possível encontrar um texto comum em sede de especialidade, portanto, aquilo a que assistiremos em plenário deverá ser à votação das propostas dos diferentes partidos”, afirmou Dias da Silva à Lusa.

Os sindicatos estão neste momento a acordar um texto para mais uma vez sensibilizarem os partidos no sentido de viabilizarem os diplomas em causa.

Depois de falhadas as negociações com os sindicatos sobre este tema, o Governo avançou para a aprovação de um decreto-lei que contempla uma contagem inferior a três anos.

O debate voltou ao Parlamento através da apreciação parlamentar do diploma, com os diferentes partidos a apresentarem iniciativas de apoio aos professores.

Em resultado da discussão a aprovação dessas iniciativas em sede de especialidade na semana passada, o primeiro-ministro, António Costa, ameaçou demitir-se, numa comunicação ao país na sexta-feira.

Os sindicatos apostam agora na pluralidade do parlamento e na abstenção do PCP e do BE às propostas do PSD e do CDS-PP em votação final global para conseguirem transpor a barreira imposta à contagem de todo o tempo de serviço.

“Condições temos sempre à mesa de negociação, chegámos a propor ao Governo que aprovasse todo o tempo de serviço, na condição de depois virmos a negociar faseadamente, mesmo com outro Governo, nem isso quiseram”, declarou Mário Nogueira.

Entre as condições para contabilizar o tempo de serviço estão a situação económica e financeira no país assim como a sustentabilidade do sector da educação.

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