Depois de China, Malásia também não quer receber o “lixo” plástico dos Estados Unidos

No último ano, as autoridades da Malásia fecharam pelo menos 148 fábricas ilegais de reciclagem de plástico.

Foto
Até 2030, mais de 111 milhões de toneladas de plástico ficaram sem destino Reuters/KIM KYUNG-HOON

Em Janeiro de 2018, a China, “lixeira” mundial do plástico que recebia muito do desperdício produzido noutros países, proibiu a importação de resíduos de plástico destinados à reciclagem. Até 2030, mais de 111 milhões de toneladas de plástico ficarão sem destino, segundo os resultados de uma investigação da Universidade da Geórgia, nos EUA, divulgados em 2018 e que o PÚBLICO noticiou. “Embora a reciclagem seja muitas vezes apontada como a solução para a produção em grande escala de resíduos plásticos, mais de metade do lixo plástico destinado à reciclagem é exportado por países ricos para outras nações”, refere o comunicado da Universidade de Geórgia. 

Na Malásia – bem como noutros países asiáticos como Tailândia e Vietname – há quem tente lucrar com a decisão da China ao fazer reciclagem de plástico de forma ilegal. Neste sábado, para combater o crescimento de uma indústria que está longe de desaparecer, o governo da Malásia iniciou uma operação para fechar as empresas de reciclagem ilegais, sob a coordenação de Yeo Bee Yin, ministro da Energia, Ciência, Tecnologia, Ambiente e Alterações Climáticas, que convidou os jornalistas a assistir à acção. “Estas empresas não respeitam a Lei da Qualidade Ambiental. Não têm licenças e estão a poluir”, diz Yeo Been Yin citado pela CNN. 

As autoridades da Malásia fecharam pelo menos 148 fábricas de reciclagem de plástico que operavam sem licença – apesar de apenas seis pessoas terem sido acusadas, segundo os dados do governo citados pela CNN. Destas seis pessoas, apenas uma foi condenada a um dia na prisão. O governo da Malásia também proibiu temporariamente a importação da maior parte do plástico, o que afecta as fábricas de reciclagem legais do país.

No último ano, investigadores ambientais da Malásia encontraram resíduos de plástico importado em cursos de água ou ravinas e denunciaram as fábricas ilegais de reciclagem que não respeitam a lei, como em Jenjarom, uma cidade no estado de Selangor, onde as fábricas de reciclagem queimavam o plástico que não podia ser facilmente processado ou vendido.

Ainda segundo a investigação da Universidade da Geórgia, são os países com mais rendimentos da Europa, Ásia e Américas que respondem “por mais de 85% de todas as exportações globais de resíduos plásticos”. Globalmente, a União Europeia é o maior exportador de “lixo” plástico.

A par do que aconteceu nos últimos 25 anos na China, também na Malásia os resíduos de plástico que vão parar às fábricas são importados de outros países, principalmente dos Estados Unidos. Yeo Bee Yin tece críticas aos Estados Unidos, que, segundo o ministro, trata a Malásia como um aterro de lixo. “Nós cuidamos do nosso próprio lixo. Vocês deviam tratar do vosso.”

O negócio da reciclagem 

Depois de o plástico ser colocado no contentor da reciclagem é recolhido pelas autoridades locais ou empresas contratadas de cada país, que o levam para uma instalação de reciclagem de materiais. Aqui, é feita uma triagem do material, onde os plásticos são separados por tipo e empacotados, para serem depois enviados para centrais de reciclagem (que podem estar no próprio país ou localizadas num país estrangeiro).

Após a fase de tratamento do plástico, ele é finalmente comprado por fabricantes, que o reutilizam em novos produtos. Contudo, assim que os resíduos saem das centrais, inicia-se um processo complexo, em que o plástico se torna numa mercadoria negociada internacionalmente.

Sugerir correcção
Ler 1 comentários