Revolut promete linha de apoio a clientes e uma cultura menos agressiva

Empresa que aposta em ser diferente da banca tradicional lança número telefónico para resolver problemas de forma mais rápida. Expansão global vai exigir mais capital.

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Os clientes do cartão Revolut vão poder tratar dos assuntos com a empresa através de chamadas telefónicas. A promessa é do fundador desta startup que entrou de rompante na área financeira e que, desde o lançamento em 2015, apenas podia ser contactada por mensagens. Porém, a sucessão de queixas de consumidores que alegavam lentidão na resposta levou a empresa a prometer uma linha de apoio telefónico.

Tom Hambrett, conselheiro geral desta fintech sediada em Londres, admite que “em certas situações resolve-se um problema mais rapidamente através de uma chamada”. Por isso, a criação de uma linha de apoio – que só servirá para determinadas questões – é ainda assim uma necessidade, reconhece o mesmo responsável desta empresa que conquistou grande popularidade em pouco tempo exactamente por fazer as coisas de forma diferente da banca tradicional.

Em menos de quatro anos de existência, a Revolut angariou 4,7 milhões de clientes, disse o Financial Times nesta quarta-feira. Todos os dias, regista a abertura de 12 mil novas contas. O fundador da empresa, Nikolai Storonski, concede que a empresa tem sentido “dores de crescimento”, com esta acelerada transformação de uma pequena startup para uma empresa com 900 trabalhadores. Até porque em Dezembro de 2018 obteve, na Lituânia, a primeira licença para lançar produtos bancários no mercado, através de contas de depósitos.

“Não tínhamos, de facto, orçamento suficiente para contratar muitos e bons profissionais para a área de compliance” naquela altura, admite este empreendedor de ascendência russa, cujo sonho é o de criar “o primeiro banco verdadeiramente global”.

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O primeiro trimestre de 2019 foi, porém, uma sucessão de más notícias: o patrão da Revolut enfrentou acusações de bullying e burnout feitas por ex-funcionários; a Autoridade de Conduta Financeira, que regula 58 mil empresas de serviços financeiros no Reino Unido, bem como a Advertising Standards Authority (entidade de auto-regulação da indústria publicitária), também se lançaram contra a equipa de Storonski, por causa de campanhas publicitárias com dados falsos.

Storonski garante que a empresa “nunca fez nada de mal”, mas ao mesmo tempo admite em declarações ao Financial Times que a empresa adoptou uma nova postura. “À medida que crescemos, estamos a mudar a nossa cultura. Já não comunicamos de uma forma tão agressiva como o fazíamos antes”, afirma.

Ainda que mantenha o desejo de ser “radicalmente melhor” do que a banca tradicional, o conselheiro geral, Tom Hambrett, refere que há também uma nova atitude face à concorrência – de quem aliás a Revolut depende em parte para fazer negócio. “Nós precisamos dessas entidades. Isso é o desafio quando se é barulhento e impetuoso mas, ao mesmo tempo, se tem de gerir e comunicar com clientes e concorrentes. Penso que estamos a crescer nesse aspecto”, anota Hambrett.

A Revolut é um dos principais actores de uma legião de empresas fintech que têm surgido nos últimos anos a disputar território à banca tradicional, ao lado de outros nomes como Monzo, Starling, Tandem e a alemã N26. Com receitas de quase 15 milhões de euros em 2017, a empresa registou nesse ano um prejuízo de quase 17,5 milhões de euros. Mas o facto de as receitas se terem multiplicado por cinco no espaço de 12 meses deu confiança a investidores como a DST Global, que investiu 223 milhões de euros nesta startup, em 2018.

Há 250 mil clientes que pagam entre 8 e 15 euros por serviços premium (como transferências mais rápidas), mas vai ser preciso organizar mais uma ronda de investimento para suportar a expansão do negócio parta mercados grandes como Austrália, Singapura, Japão, EUA e Canadá. 

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