Uma Bienal Internacional de Arte em Gaia para agitar consciências

Mostra vai estar patente durante três meses e estende-se a oito concelhos do país. Vigo receberá o único pólo internacional.

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Além da Quinta da Fiação, a bienal estende-se também à Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo e o Mosteiro de São Salvador de Grijó ADRIANO MIRANDA/PUBLICO

A Quinta da Fiação em Lever, Vila Nova de Gaia, acolhe, a partir desta terça-feira, a 3ª edição da Bienal Internacional de Arte de Gaia. Os visitantes que se dirijam ao espaço vão poder vislumbrar, ao longo de 2.600 m2, parte das 22 exposições que compõem a mostra e que têm como autores 500 artistas oriundos de 14 países distintos. Para além deste espaço, outras oito localizações, em Portugal e além-fronteiras, vão expor os diferentes trabalhos que compõem o plano cultural da iniciativa.

A escolha da Quinta de Fiação – distribuída por dois pavilhões e também conhecida por ser a antiga Companhia de Fiação de Crestuma - para albergar a Bienal deveu-se à vontade de promover a descentralização, ao mesmo tempo que são valorizadas as áreas industriais típicas do concelho, actualmente em recuperação, refere um comunicado da organização. Aqui começa a materializar-se o propósito desta iniciativa: agitar consciências.

A Casa Museu Teixeira Lopes – Galerias Diogo de Macedo e o Mosteiro de São Salvador de Grijó são outros dos espaços localizados no concelho que vão acolher actividades realizadas no âmbito do evento que tem em Agostinho Santos o seu director. Fora dos limites do concelho, serão Alfandega da Fé, Gondomar, Viana do Castelo, Seia, Estremoz, Braga Monção e Vigo, em Espanha, a receber pólos da Bienal.

A mostra vai abordar temas que, como seria de esperar pela temática definida, são frequentemente alvo de discussão e de reflexão na opinião pública. “Mulheres e Cidadania” – curadoria de Manuela Aguiar, ex-secretária de Estado da Emigração, e Luísa Prior –, “Paz e refugiados” – curadoria de Ilda Figueiredo, presidente do Conselho Português para a Paz e Cooperação, e Mirene – ou “Livre Mente” – curadoria de Sérgio Almeida – são alguns dos exemplos das exposições presentes na mostra e que obedecem ao desígnio inicialmente proposto de instigar ao debate.

Segundo o comunicado, a Bienal, que se realiza com o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, contará ainda com uma mostra individual de pintura denominada “Desempacotar a Cultura”, da autoria de Do Carmo Vieira, na qual o artista “esboça rostos da literatura portuguesa a partir de pacotes de leite vazios como obra-prima da criação”.

Os aspectos regionais também não foram esquecidas, com o destaque a ser dado a iniciativas como rótulos artísticos em garrafas de vinho (Colecção Especial Santa Marta) ou em garrafas de água (Colecção Especial Águas de Gaia) que devolvem à comunidade a arte criada pela e para a cidade.

Nesta 3ª edição da Bienal, o artista homenageado será Zulmiro de Carvalho, escultor natural de Gondomar, que terá na mostra uma exposição antológica, com curadoria de Helena Fortunato.

Ainda no que diz respeito a condecorações, a Bienal, através do apoio do município, integra a exposição decorrente do Concurso Internacional que contou com 222 artistas de 11 nacionalidades, dos quais foram seleccionados 89 candidatos ao Grande Prémio da Bienal, ao Prémio de Escultura Zulmiro de Carvalho e ao Prémio Águas de Gaia.

Texto editado por Ana Fernandes

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