Samsung adia telemóveis dobráveis após ecrãs se estragarem nos testes da imprensa

Os Galaxy Fold deviam chegar esta semana aos EUA e China. Mas análises dos jornalistas mostraram que os ecrãs não cumpriam a promessa.

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A marca foi a primeira a apresentar um aparelho e queria ser a primeira a chegar ao mercado Reuters/Stephen Nellis

A Samsung vai adiar o lançamento dos seus primeiros telemóveis com ecrãs dobráveis, os Galaxy Fold.

A informação chegou num comunicado da marca sul-coreana, enviado à imprensa ao final da tarde desta segunda-feira, dias antes da chegada oficial dos aparelhos às lojas da China e EUA, que estava agendada para entre 23 e 26 de Abril.

Em causa estão relatos de telemóveis, enviados a órgãos da imprensa internacional para análise, que partiam em vez de dobrar, deixavam de funcionar, ou desenvolviam pequenas elevações. O crítico de tecnologia da Bloomberg, por exemplo, relatou que parte do ecrã já não funcionava (ficou preta) depois de dois dias a usar o aparelho, e após apenas um dia notava-se já um rasgo. Um jornalista site The Verge reparou que havia um pequeno “monte” a formar-se a meio do ecrã, depois daquilo que descreveu como “uma utilização normal” que incluía abrir e fechar o aparelho para o usar, e colocar o telemóvel no bolso.

Alguns ecrãs partidos surgiram depois de os utilizadores, a experimentar versões de teste do telemóvel, removerem por engano uma película por cima do ecrã. Ao enviar os aparelhos, a Samsung não avisou que se tratava de uma parte “integral do ecrã”, em vez de um mero protector. No entanto, alguns ecrãs estragaram-se mesmo quando a película não tinha sido removida.

“Para avaliar estas reacções e com objectivo de realizar mais testes ao equipamento, decidimos adiar o lançamento do Galaxy Fold”, explica a Samsung, no comunicado enviado à imprensa por email. “Vamos tomar medidas no sentido de reforçar a protecção do ecrã. Vamos também melhorar as nossas recomendações sobre o cuidado e utilização do ecrã, incluindo da camada protectora, para que os nossos consumidores consigam tirar o melhor partido no seu Galaxy Fold.”

O Galaxy Fold, revelado a 20 de Fevereiro, foi o primeiro telemóvel com um ecrã capaz de se dobrar a ser apresentado no mercado (dias antes da rival Huawei apresentar a sua própria versão). Por 1980 dólares, o telemóvel (que vem com seis câmaras) devia desdobrar-se para revelar um ecrã maior. Dobrado, o aparelho assemelha-se a dois smartphones sobrepostos.

Em resposta a perguntas enviadas pelo PÚBLICO, a Samsung nota que não se pode falar em “percentagens” de telemóveis com problemas porque foram poucas as unidades enviadas para análise. A empresa acrescenta que deve apresentar uma nova data de lançamento em breve.

De acordo com o comunicado oficial, “uma primeira análise às questões reportadas sobre o ecrã revelou que estas podem estar relacionadas com as áreas expostas da dobradiça”. Em alguns casos, foram também encontradas substâncias dentro do dispositivo que afectaram o desempenho do ecrã.

Não é a primeira vez que a Samsung enfrenta problemas aquando do lançamento de um topo de gama. Em 2016, a empresa teve de deixar de fabricar a gama Galaxy Note 7, pouco após o lançamento, devido a um defeito no fabrico que levava as baterias a incendiarem-se por sobreaquecimento.

Em Fevereiro, a rival chinesa Huawei também apresentou um telemóvel cujo ecrã que se dobra. É mais caro que a versão da Samsung (o preço ronda os 2299 dólares), e apenas deve chegar a meados de 2019 ao mercado. A Portugal, deverá chegar em Julho.

Com o mercado de smartphones a encolher, analistas da IDC afirmaram, na altura da apresentação das novidades da Samsung e da Huawei, que os novos telemóveis dobráveis tinham o potencial de voltar a reacender o interesse dos utilizadores. De acordo com dados desta empresa de análise de mercado, no último trimestre de 2018 o número de aparelhos vendidos caiu 5%.

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