Descoberto fóssil de um dos maiores mamíferos carnívoros que já existiu

O Simbakubwa kutokaafrika habitou em África há cerca de 22 milhões de anos. O seu crânio era do tamanho do de um rinoceronte e os dentes caninos do tamanho de uma banana.

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Ilustração artística da nova espécie de mamífero carnívoro extinto Mauricio Anton
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Comparação do tamanho do mamífero com um ser humano Mauricio Anton

Uma nova espécie de mamífero carnívoro foi descoberta recentemente por paleontólogos da Universidade do Ohio, nos Estados Unidos. O animal, chamado Simbakubwa, era maior do que qualquer felino ainda vivo e foi o pesadelo de alguns primatas e antecedentes de rinocerontes e elefantes que habitaram as florestas africanas há mais de 20 milhões de anos.

Quando Nancy Stevens, bióloga da Universidade do Ohio, espreitou para uma gaveta dos armários de madeira do último andar de um museu em Nairobi (Quénia), em 2010, e viu um fóssil com enormes dentes cravados soube imediatamente que tinha encontrado algo importante.

Os fósseis, que até então tinham passado despercebidos nos Museus Nacionais do Quénia, pertenciam na verdade a um dos maiores mamíferos carnívoros que já existiu. A espécie, chamada Simbakubwa kutokaafrika, habitou em África há cerca de 22 milhões de anos, de acordo com o estudo de Nancy Stevens e do seu colega Matthew Borths, publicado nesta quinta-feira na revista Journal of Vertebrate Paleontology.

O nome Simbakubwa significa “grande leão” na língua suaíli. Explicam os investigadores em comunicado que o nome está relacionado com o facto de Simbakubwa se ter situado no topo da cadeia alimentar, à semelhança do que acontece actualmente com os leões em África.

Embora lhe chamem “grande leão”, o animal não era um felino. Era, no entanto, um mamífero carnívoro terrestre, maior do que qualquer outro ainda vivo (maior até do que um urso polar). À época, este mamífero seria o maior predador do seu ecossistema — florestas africanas onde habitavam alguns primatas e antecedentes dos hipopótamos e elefantes.

Pesava cerca de uma tonelada e media mais de dois metros de comprimento (desde o focinho até à cauda). O crânio do Simbakubwa era do tamanho do de um rinoceronte, enquanto os seus dentes caninos mediam cerca de 20 centímetros, aproximadamente o tamanho de uma banana.

Segundo o estudo agora publicado, os fósseis terão sido encontrados na década de 1980 no Quénia, mas os investigadores acreditam que nunca tinham sido antes analisados em pormenor.

“A maior parte dos espécimes que estudo são relativamente pequenos, por isso podem imaginar a minha surpresa quando abri uma gaveta que ainda não tinha analisado e vi aqueles dentes enormes a reluzir. O espécime tinha sido escavado décadas antes, e a equipa que descobriu este fóssil estava mais centrada noutras espécies de fauna, especialmente primatas”, explicou a investigadora Nancy Stevens.

O Simbakubwa pertencia ao grupo dos hienodontes (mamíferos carnívoros que apareceram há cerca de 62 milhões de anos – quatro milhões de anos depois da extinção dos dinossauros que abriu caminho ao reinado dos mamíferos – e ficaram extintos há nove milhões de anos).

“À primeira vista, poderia parecer-se com uma hiena gigante ou um lobo de cauda comprida com uma cabeça que era um bocado grande de mais para o seu corpo. Imagino algo como os wargs do Senhor dos Anéis”, explicou o paleontólogo Matthew Borths.

Segundo o investigador, este não era um animal capaz de longas corridas no terreno devido à estrutura das suas patas. “Carnívoros com esta postura tendem a caçar como os tigres [os chamados predadores de emboscada] em vez de perseguirem as presas como os lobos”, acrescentou Matthew ​Borths.

Estes animais acabaram por ficar extintos ao mesmo tempo que os ecossistemas se foram alterando, há cerca de 15 milhões de anos, e novas espécies de mamíferos foram surgindo. “Não sabemos exactamente o que levou os hienodontes à extinção, mas os ecossistemas foram-se alterando rapidamente à medida que o clima global se tornou mais seco. Os parentes gigantes do Simbakubwa estiveram entre os últimos hienodontes no planeta”, acrescentou Matthew Borths.

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