Miguel Tiago: “Só podem ser tidas em conta opiniões formuladas no âmbito do trabalho colectivo”

Críticas anónimas não merecem qualquer acolhimento entre os comunistas, porque qualquer pessoa as pode escrever, considera o antigo deputado.

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Miguel Tiago: fenómenos sem real dimensão Nuno Ferreira Santos

Em Setembro, abandonou a actividade de deputado na Assembleia da República a seu pedido e passou a integrar a comissão de actividades económicas do comité central. Foi-lhe colada a etiqueta de radical, o que nega, da mesma forma que recusa ser inspirador ou actor dos ataques anónimos à direcção de Jerónimo de Sousa. Só aceitou responder por escrito a três perguntas do PÚBLICO depois de autorizado pelo PCP, e diz que os comunistas não se deixam condicionar por opiniões externas, como as manifestadas nos blogues.

Que pensa das críticas anónimas nas redes sociais à linha política do PCP quanto à actual solução governativa?
Em primeiro lugar, não sei a que crítica específica se refere. No geral, o anonimato não faz parte da forma de participação interna dos comunistas. A nossa discussão é franca, aberta e assumida, mesmo quando não existe acordo. Críticas anónimas não merecem qualquer acolhimento, não apenas por não se integrarem no funcionamento de um partido comunista, mas também porque não podem sequer ser consideradas internas. Qualquer pessoa pode escrever críticas anónimas ao PCP.

Atribui-lhes significado político ou considera-as mera provocação?
Em geral, o único significado que críticas anónimas podem ter é o que lhes é atribuído pela comunicação social. Num momento em que, pela sua intervenção, o PCP contribuiu para interromper o programa de desmantelamento do Estado e de agravamento da exploração e empobrecimento protagonizado por PSD e CDS, e durante o qual contribuiu com proposta e intervenção concreta para a melhoria das condições de vida da população, afirmando o seu compromisso com o bem-estar do povo e dos trabalhadores, é natural que a comunicação social, ao serviço precisamente dos grandes grupos económicos que o PCP combate, tente puxar por fenómenos que, sem real dimensão, acabem por parecer perturbadores da unidade do PCP.

As linhas do PCP para o novo ciclo eleitoral, europeias e legislativas, devem ter em conta estas críticas?
As linhas do PCP para todos os ciclos eleitorais devem ter em conta todas as contribuições, sejam elas críticas ou não, apresentadas por todos os camaradas, nos termos dos princípios orgânicos do Partido. Evidentemente que só podem ser tidas em conta as opiniões formuladas no âmbito do trabalho colectivo. Um partido comunista define colectivamente e de forma independente de qualquer outra força a sua orientação. Isso significa que o PCP não se condiciona por qualquer opinião externa.

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