Coreia do Norte testa nova arma e pede afastamento de Pompeo das negociações

Governo de Pyongyang disse que podia retomar os testes se as sanções não começassem a ser levantadas. E agora exige que Trump retire o secretário de Estado das conversações, substituindo-o por alguém “mais maduro”

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Reuters

A Coreia do Norte anunciou esta quinta-feira que testou uma nova “arma táctica guiada” e pediu a substituição do secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, como mediador do diálogo em curso com os EUA sobre o desarmamento nuclear. Não deu pormenores sobre as capacidades dessa arma, mas os organismos americanos que monitorizam actividades com armas não convencionais não detectaram qualquer disparo ou teste.

O anúncio e o pedido de afastamento do secretário de Estado (responsável pela diplomacia americana) estão por isso a ser vistos como manobras de pressão sobre a Casa Branca, numa tentativa de desbloquear as conversações sobre a desnuclearização da Coreia do Norte, que o líder de Pyongyang, Kim Jong-un, esperava que tivesse como contrapartida imediata o levantamento de sanções à Coreia do Norte. 

O diálogo parou abruptamente na segunda cimeira Kim-Trump, em Hanói (Vietname), em Fevereiro. Já em Novembro do ano passado, perante um impasse depois da primeira cimeira, em Singapura — histórica, quando Kim apertou a mão a um Presidente dos EUA, falou na desnuclearização, abriu a rota do apaziguamento com a Coreia do Sul e falou em contrapartidas —, Kim ameaçou regressar ao programa nuclear e fez um teste, também com uma “uma nova arma táctica de alta tecnologia”. Um primeiro momento de pressão que não deu frutos.

Segundo a agência noticiosa norte-corerana KCNA, o líder norte-coreano supervisionou o teste desta quinta-feira. Citado pela KCNA, Kim Jong-un descreveu o desenvolvimento do sistema de armas como “um passo importante para aumentar o poder de combate do Exército Popular da Coreia do Norte”.
A arma foi testada na área de testes da Academia de Ciência de Defesa, disse a KCNA.

Mais uma vez — e ao contrário de outros testes balísticos e nucleares, em que foram dados pormenores sobre o armamento —, não foi especificada a natureza da arma que tem “um modo particular de guiar o seu voo” e uma “poderosa ogiva”.

Os observadores arriscam que pode tratar-se de uma arma convencional — ou de um modelo que não viole a moratória sobre o lançamento de mísseis; não houve reacções por parte de Washington ou das Nações Unidas.

E pouco depois do anúncio, o Governo de Pyongyang queixou-se do “mediador” americano, o secretário de Estado Mike Pompeo, com a Coreia do Norte a pedir a Trump para o substituir por alguém “mais maduro”. 

A KCNA cita um alto responsável do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Jong Gun, a dizer que a situação na Península da Coreia é imprevisível se os EUA não abandonarem “a raiz do problema” que levou Pyongyang a desenvolver armas nucleares. 

Jong Gun, que é o encarregado das relações com os EUA e que falou na necessidade de uma pessoa mais “madura”, disse que a cimeira de Hanói mostrou que “sempre que Pompeo mete o nariz, as conversações podem correr mal”.

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