BE é campeão da defesa do clima na UE, CDS o pior classificado

PS E PCP também obtêm notas positivas. PSD integra grupo com as piores médias. Partidos do centro-direita acusados de não reconhecerem “a necessidade urgente de apoiar acções contra um clima em mudança”.

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Ines Fernandes

O Bloco de Esquerda é partido português no Parlamento Europeu que mais apoio dá à intervenção da União Europeia na área do clima e o CDS e o mais mal classificado, segundo um ranking revelado nesta terça-feira pela Rede Europeia de Acção Climática (CAN-Europe) de que a associação ambientalista portuguesa Zero faz parte.

O relatório Defensores, retardatários, dinossauros: Ranking dos grupos políticos da UE e dos partidos nacionais sobre as alterações climáticas avalia o comportamento de voto no plenário dos actuais deputados europeus em relação às questões da energia e do clima, durante a legislatura 2014/2019. Um ranking que dá uma pontuação média de 84% ao BE, classificando-o como “muito bom” e registando-o como o partido português mais bem avaliado no grupo dos “defensores” do combate às alterações climáticas.

Neste grupo dos “defensores” situam-se também o PS, com uma classificação de 70,1%, o Partido Democrático Republicano (PDR) de Marinho e Pinto, com 67,7%, e o PCP com 61,7%.

No grupo intermédio, designado no ranking como os dos “retardadores”, há apenas um partido português com representação no Parlamento Europeu (PE): é o Movimento Partido da Terra (MPT), com uma pontuação de 47%.

As notas negativas vão para os partidos portugueses de centro-direita. O relatório coloca o PSD e o CDS no grupo dos “dinossauros”, com médias, respectivamente, de 13,5% e 6%.

O PSD e o CDS, membros do grupo Partido Popular Europeu [PPE, ou EPP, no acrónimo inglês], surgem “particularmente mal" pontuados, arrastando para baixo a pontuação do PPE a nível da União Europeia. Tal como os conservadores em toda a Europa, em Portugal os partidos de centro-direita não conseguem reconhecer a necessidade urgente de apoiar acções contra um clima em mudança”, é escrito no relatório.

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Ao nível das famílias políticas no Parlamento Europeu, o Grupo dos Verdes/Aliança Livre Europeia é o campeão, com os seus 52 deputados a obterem uma média de 84,9%. No grupo dos “defensores” o Grupo Unitário de Esquerda/Esquerda Verde Nórdica, ao qual pertencem o BE e o PCP., alcança o segundo posto, com os seus 51 deputados a conseguirem uma média de 66,5%. Em terceiro lugar neste grupo situa-se a Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas, que integra o PS, com os 188 deputados a alcançarem a média positiva de 61,3%.

Centro-direita sempre com nota negativa

Ainda ao nível das famílias políticas, as notas negativas vão também para os grupos que integram os partidos de centro-direita. O Partido Popular Europeu, o maior grupo no PE, com 219 deputados, e que integra o PSD, o CDS e o MPT, é o penúltimo classificado no grupo dos “dinossauros”, com uma média de 14,3%. Pior só surge o grupo dos Conservadores e Reformistas Europeus (73 deputados) com 10% de média.

“Nos últimos cinco anos, os partidos conservadores e de centro no Parlamento Europeu não fizeram o suficiente para defender os cidadãos europeus e protegê-los da crise climática. Tais partidos, à escala nacional e europeia, precisam de ouvir os milhões de eleitores europeus, particularmente a voz de muitos jovens, exigindo que os políticos façam mais para combater alterações climáticas”, diz ainda o relatório.

Acrescenta também que estes partidos “devem fazer do clima uma das principais prioridades na campanha eleitoral e comprometer-se a tomar medidas concretas após as eleições”.

Como foi feito o ranking

O painel de avaliação do relatório baseia-se na classificação individual do comportamento eleitoral dos deputados ao Parlamento Europeu durante a legislatura 2014/2019.

Para a pontuação individual, foram seleccionados 21 votos únicos reflectindo a ambição climática em 10 diferentes processos legislativos. Foram seleccionados os votos com base no facto de terem sido escolhidos durante a legislatura de 2014-2019 pelo Plenário do Parlamento Europeu (os votos das comissões não estão incluídos) e que “reflectem um nível substancial de ambição climática para os respectivos processos”. A maioria dos votos seleccionados está em vários dossiers legislativos, mas a pontuação também inclui votos em resoluções parlamentares.

De uma forma geral, o documento da Rede Europeia de Acção Climática considera que os partidos políticos, tanto europeus como nacionais, “têm votado no sentido de proteger os europeus contra os impactos das alterações climáticas”. Com as informações agora reveladas, acrescenta, “os europeus ficarão melhor informados para votar em candidatos dos partidos que apoiam a acção climática nas próximas eleições do Parlamento Europeu em Maio”.

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