Costa recebido por protesto ruidoso dos lesados pede “voto de censura” ao PSD

Secretário-geral do PS preparava-se para almoçar com Pedro Marques, cabeça de lista do partido às europeias e com militantes socialistas numa acção de pré-campanha eleitoral.

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António Costa foi "apanhado" em Gaia pelos lesados do BES LUSA/JOSÉ COELHO

O primeiro-ministro, António Costa, foi neste domingo recebido em Vila Nova de Gaia por um grupo de lesados do BES/Novo Banco que, ao som de apitos e bombos e junto a bandeiras negras, gritava “devolvam o nosso dinheiro”.

"Ganharam todos. Só os lesados é que foram vigarizados” ou “Vergonha, não há justiça” são algumas das frases das faixas e cartazes colocados ao longo da rua de frente para o pavilhão municipal de Avintes, Gaia, onde o secretário-geral do PS, António Costa, e do cabeça de lista às eleições europeias, Pedro Marques, vão almoçar com centenas de militantes socialistas numa acção de pré-campanha eleitoral.

O programa previa que António Costa chegasse às 12h30, tendo o primeiro-ministro chegado cerca das 13h30, acompanhado por Pedro Marques e pelo presidente da Câmara de Gaia, o socialista Eduardo Vítor Rodrigues.

À saída do carro, Costa ainda chegou a ser puxado por um dos representantes do grupo de lesados do BES/Novo Banco, mas com a intervenção da segurança acabou por entrar no recinto debaixo de um coro de gritos, som de apitos e megafones.

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António Costa foi puxados pelos manifestantes, mas protegido pelos seus seguranças

A este ruído juntou-se o som de nove bombos do Grupo de Mareantes do Rio Douro, uma colectividade local que desfilou em frente aos lesados do BES/Novo Banco ao longo do final da manhã e depois ladeou a entrada do primeiro-ministro no recinto de Avintes.

Antes, o líder da Distrital PS/Porto, Manuel Pizarro, foi junto dos lesados do BES/Novo Banco para perceber as reivindicações do grupo e prometeu recebê-los na quinta-feira. Aos jornalistas, disse “perceber o desespero daquelas pessoas”, mas frisou que "neste momento estão em causa apenas 7% dos lesados porque não quiseram chegar a acordo”.

Ao início da manhã, em declarações à agência Lusa, António Silva, um dos lesados do BES/Novo Banco, contava que o grupo fez “pelo menos 40 manifestações” e, garantiu, “está pronto para só parar quando reaver o dinheiro” que considera ter sido “roubado”.

“Somos vítimas de uma burla. Existia uma provisão e as entidades prometiam segurança, mas já se passaram cinco anos e não temos o nosso dinheiro, o dinheiro de uma vida. Continuamos a zero”, disse António Silva.

Ao lado, Manuel Sousa, emigrante em França há 49 anos, contou que partiu para Paris “em criança para trabalhar muito” e agora volta a Portugal “sem nada”.

“Sou lesado, sou roubado. Fui para França porque meu país não me oferecia uma alternativa, mas nunca desisti da minha pátria onde quis sempre fazer o depósito das minhas poupanças, mas um dia dei com as minhas contas a zero. O Novo Banco é o culpado e o Governo tem de fazer alguma coisa”, referiu.

PSD merece voto de censura

No interior do pavilhão, e dirigindo-se aos socialistas, António Costa, disse que o “PSD merece um voto de censura nestas eleições europeias” pelo “descaramento” de ter voltado a apresentar um cabeça-de-lista que “nada fez por Portugal e pelos portugueses”.

“É preciso ter memória e não esquecer. E é preciso ter um grande descaramento para, pela terceira vez, apresentarem um cabeça de lista que nada fez por Portugal e pelos portugueses”, disse António Costa, sem nunca referir o nome de Paulo Rangel, candidato do PSD às eleições europeias de 26 de Maio. “O PSD merece um voto de censura nestas eleições europeias”, acrescentou.

Já sobre Pedro Marques, disse que este é um candidato de que Portugal e o PS se podem “orgulhar" porque, tendo começado carreira numa câmara, a do Montijo, “sabe bem o que é o poder local” e, como ministro, “andou de concelho em concelho a discutir programas para o país”.

“Há razões para que o PS mereça a confiança e o PSD mereça a censura. Percebo muito bem o que o PSD quer começar aqui, na campanha às europeias. Quer começar o assalto ao poder e mudar a política que começamos há três anos”, disse, dando vários exemplos, nomeadamente que foi a política socialista que “permitiu a Portugal crescer acima da média europeia pela primeira vez”.

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