Vestígios romanos na Grande Lisboa originam rede de 350 sítios arqueológicos

Nos 21 municípios da região de Lisboa que fazem parte do projecto foram identificados 350 sítios arqueológicos romanos.

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Fundeadouro romano encontrado sob a praça D. Luís I Rui Gaudencio

O projecto “Lisboa Romana-Felicitas Iulia Olisipo”, que envolve sítios arqueológicos de 21 municípios, e 96 investigadores de cinco universidades, prevê a criação de uma rede de entidades públicas e privadas e é apresentado esta quarta-feira no Teatro Romano, em Lisboa.

“Lisboa Romana-Felicitas Iulia Olisipo” prevê a criação de uma rede metropolitana na região de Lisboa, que inclui, além da capital, 20 outros municípios, assim como entidades públicas e privadas, tendo sido identificados 350 sítios arqueológicos romanos, que constam do mapa interactivo no website e no aplicativo móvel que acompanha o projecto.

Este estende-se por fases, até 2024, e visa potenciar o conhecimento do ponto de vista científico e turístico da “Lisboa Romana”  — a cidade Felicitas Iulia Olisipo — explica o dossiê de apresentação da Câmara de Lisboa.

A musealização do criptopórtico, na Rua da Conceição, em Lisboa, é um dos objectivos do projecto, que inclui exposições, conferências, roteiros, entre outras iniciativas, e, “a longo prazo, a criação de uma Rede Internacional que ligue as cidades com presença destes vestígios, em toda a extensão do antigo Império Romano, de Portugal a Israel”.

Além dos 350 sítios arqueológicos, “Lisboa Romana” identificará nove linhas de investigação, envolvendo 96 especialistas de diferentes áreas, da arqueologia à sociologia, passando pela antropologia, de centros de investigação das universidades de Aveiro, Coimbra, Lisboa, Évora, Nova de Lisboa, o Instituto Universitário Egas Moniz, assim como cinco empresas privadas de arqueologia.

Quanto ao seu desenvolvimento, entre 2020 e 2021, prevê-se a abertura ao público do criptopórtico e do Centro Interpretativo, e a marcação, com QR codes, de alguns locais da cidade e da área metropolitana, “que possam transportar os visitantes para plataformas digitais”.

A operacionalização de percursos na área metropolitana e o lançamento de produtos gastronómicos são igualmente outras acções previstas para os dois próximos anos.

Para 2021 e 2024, os objectivos passam pela realização de uma grande exposição sobre a cidade romana, e de um congresso internacional, que vise a “constituição ou adesão a Redes Internacionais de índole científica e patrimonial específicas”.

Está também previsto a publicação do “Corpus Epigráfico”, que irá actualizar a informação compilada e publicada em 1944, pelo historiador e engenheiro Augusto Vieira da Silva, “Epigrafia de Olisipo”, abrangendo toda a área metropolitana.

Até 2024 serão editados nove títulos e serão lançados vários produtos de merchandising, relacionados com “Lisboa Romana”.

Além de Lisboa, estão envolvidos, os municípios de Alcochete, Alenquer, Almada, Amadora, Arruda dos Vinhos, Barreiro, Cascais, Loures, Mafra, Moita, Montijo, Odivelas, Oeiras, Palmela, Seixal, Sesimbra, Sintra, Sobral de Monte Agraço, Torres Vedras e Vila Franca de Xira, abrangendo sensivelmente, o território do antigo “município romano”, do qual se conhece ainda pouco, segundo a apresentação do projecto.

A autarquia da capital adianta que não é “conhecida qualquer descrição da Lisboa romana”, mas “sabe-se que foi um importante centro urbano”.

“Tinha estatuto de cidade semelhante às cidades da metrópole, distinção que raramente era concedida” e dessa época “subsistem hoje vestígios na colina sul do castelo, onde foi erguido um teatro, na Praça da Figueira, a necrópole, na Praça D. Pedro IV, o circo, e em vários pontos junto ao rio, desde a Rua do Ferragial ao Campo das Cebolas”.

“Com o fim do Império, a metrópole romana foi absorvida e desmantelada para dar lugar à cidade medieval e, após o terramoto de 1755, à Lisboa Pombalina”, acrescenta a edilidade.

A apresentação do projecto, co-financiado pelo Casino Lisboa, é feita nesta quarta-feira, às 17h30, no Teatro Romano, e conta com a presença do presidente da Câmara de Lisboa, Fernando Medina, e da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.

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