A legitimidade democrática da endogamia política

Aos eleitores que entendem que a endogamia política é grave para a democracia resta apenas o caminho de desestabilizar as opções eleitorais tradicionais.

1. Há duas semanas, a “cleptocracia de qualidade” coincidiu com duas notícias importantes. Por um lado, ficámos a saber que afinal o novo regime de incompatibilidades dos deputados, com um atraso de três anos, mantém a acumulação para as sociedades de advogados, até com novas oportunidades. Por outro lado, o PS insistia então que o nepotismo endogâmico que o caracterizou nesta legislatura é uma coisa absolutamente natural. Sobre o primeiro tema, já Susana Peralta escreveu aqui a semana passada e não há muito a acrescentar – evidentemente que os deputados estarão cheios de boas intenções, mas a opacidade misteriosamente continua (basta comparar a informação disponibilizada pelo Parlamento Europeu e pela Assembleia da República sobre os rendimentos dos deputados). Sobre o segundo tema, o guião monótono e habitual foi seguido à risca – primeiro negar, depois minimizar, de seguida “claquizar” até ao limite do possível e, finalmente, legislar. E aí esta segunda saga – o “familygate” – entronca na primeira – a revisão do regime de incompatibilidades dos deputados. E as duas sagas cruzam-se com o célebre código de conduta aprovado em setembro de 2016. O tal dos bilhetes de futebol. Estas três sagas mediáticas terminam curiosamente sempre da mesma forma – mais e mais leis. Até ao caso seguinte.

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