Governo da Venezuela prevê que racionamento eléctrico se prolongue durante um ano

Este prologamento surge depois de a Associação Venezuelana de Engenharia Eléctrica (Aviem) avisar que são necessários sete anos para conseguir que o sistema eléctrico do país volte a ter “a estabilidade que tinha há mais de uma década”.

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A Venezuela tem sido palco de manifestações violentas tanto a favor do regime de Maduro como contra Reuters/IVAN ALVARADO

O novo ministro venezuelano de Energia Eléctrica, Igor Gavidia, anunciou nesta quinta-feira que o programa de racionamento de electricidade no país, iniciado no primeiro dia do mês, “poderá prolongar-se por “um ano”. “Vamos atacar os problemas do plano [de recuperação do sistema eléctrico] que o Presidente iniciou a curto prazo, entre 30 e 60 dias, entre 60 e 90 dias e prolongar um ano”, disse.

Igor Gavidia falava em Puerto Ordáz, no Estado venezuelano de Bolívar (sudeste de Caracas), durante a instalação do Estado-Maior Eléctrico da Região Sul. Já o ministro de Comunicação e Informação da Venezuela, Jorge Rodríguez, explicou que o Governo do Presidente Nicolás Maduro trabalha para “assegurar, em todos os sentidos, o sistema eléctrico nacional”, após os apagões que em Março deixaram o país na quase totalidade às escuras.

Segundo Jorge Rodríguez, a recuperação do sistema eléctrico venezuelano passa pela criação dos Estados-Maiores Eléctricos nas diferentes regiões do país. “Estamos numa construção, sem pressa, mas sem pausa, da vitória que é a tranquilidade das pessoas”, garantiu.

O anúncio do prolongamento do racionamento eléctrico “até um ano” ocorreu depois de a Associação Venezuelana de Engenharia Eléctrica (Aviem) advertir, no último domingo, que são necessários sete anos para conseguir que o sistema eléctrico do país volte a ter “a estabilidade que tinha há mais de uma década”.

“Durante muitos anos foram orçamentadas numerosas obras, mas nunca foram incorporadas fisicamente”, disse o director da Aviem, Rafael Rodríguez, ao diário El Universal.

Segundo aquele responsável associativo, além de um programa de manutenção permanente, o sistema eléctrico venezuelano requer grandes investimentos e a capacitação dos funcionários.

Rafael Rodríguez adiantou que durante o Governo do Presidente Hugo Chávez (presidiu o país entre 1999 e 2013) foram compradas “pequenas máquinas, de poucos ‘quilowatts’, algumas delas usadas” e que “nada acrescentaram ao serviço eléctrico”.

De acordo com o presidente da Associação Civil Comité de Afectados pelos Apagões, Aixa López, o plano de racionamento “é um apagão legal”, considerando que estão a sacrificar os Estados do interior do país “para dar electricidade a Caracas”.

No dia 31 de Março, entre protestos a nível nacional por falta de energia eléctrica, gás e outros serviços básicos, o Presidente venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou a activação de um programa de racionamento eléctrico durante um mês.

Um dia depois, Nicolás Maduro demitiu o ministro da Energia Eléctrica, o general Luís Motta Domínguez, e nomeou para o seu lugar o engenheiro Igor Gaviria.

Entretanto, o programa de racionamento, divulgado pela Corporação Eléctrica Nacional da Venezuela (Corpoelec), prevê que a população tenha serviço contínuo 24 horas, dois dias no total em cada semana.

No passado dia 07 de Março, uma falha na barragem de El Guri (a principal do país) deixou a Venezuela às escuras durante uma semana.

A 25 de Março verificou-se um novo apagão, que afectou pelo menos 18 dos 24 Estados, incluindo Caracas, que estiveram às escuras, total ou parcialmente, pelo menos durante 72 horas. Quatro dias depois, pelo menos 21 Estados ficaram sem electricidade e 24 horas depois as falhas eléctricas fizeram sentir-se em pelo menos 20 Estados.

Na Venezuela são cada vez mais frequentes e prolongadas as falhas no fornecimento de electricidade, passando de pequenos a grandes apagões que chegam a afectar a totalidade do território.

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