EUA pressionam NATO a enfrentar “novas ameaças”, incluindo a China

Em causa está a “competição estratégica chinesa”, em particular os ciberataques e os planos para a entrada de empresas como a Huawei na Europa.

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O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, e o secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo LUSA/MICHAEL REYNOLDS

O secretário de Estado norte-americano, Mike Pompeo, apelou esta quinta-feira aos membros da NATO para que se adaptem e enfrentem uma grande variedade de “ameaças emergentes”, incluindo “a crescente agressão da Rússia, a competição estratégica da China e a migração descontrolada”.

O responsável pela política externa dos EUA fez o apelo na abertura da reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO, em Washington, que marcou o 70.º aniversário da Aliança Atlântica.

A reunião do Conselho do Atlântico Norte, esta quinta-feira em Washington, focou-se na dissuasão da “agressão russa”, através de um pacote de medidas que inclui o reforço da presença militar da NATO no Mar Negro.

No final dos trabalhos da manhã, o secretário-geral da aliança, Jens Stoltenberg, voltou a acusar a Rússia de estar “em violação” do Tratado de Forças Nucleares de Alcance Intermédio, assinado em 1987 pelos presidentes Ronald Reagan e Mikhail Gorbatchov. Em Fevereiro, os EUA anunciaram a saída desse acordo a partir de Agosto.

Segundo Stoltenberg, esse comportamento “faz parte de um padrão de desestabilização”, que inclui a anexação da península da Crimeia, em 2014.

“Não vamos fazer o mesmo que a Rússia”, disse Jens Stoltenberg numa conferência de imprensa. “Seremos equilibrados e coordenados, e não temos nenhuma intenção de deslocar mísseis nucleares para a Europa”, disse o responsável.

Na mesma conferência de imprensa, Stoltenberg anunciou que os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO acordaram um reforço do apoio à Geórgia e à Ucrânia, incluindo a realização de exercícios conjuntos no Mar Negro – para além da cooperação já existente em termos de recolha de informações.

Mas o secretário da Defesa norte-americano insistiu na ideia de que a NATO tem de se adaptar, algo que Stoltenberg já tinha referido no seu discurso perante o Congresso norte-americano, na quarta-feira.

Em particular, Mike Pompeo falou na ameaça dos ciberataques, no auge do diferendo entre os EUA e a China por causa da tecnologia 5G da empresa Huawei.

Os EUA têm pressionado os seus aliados a não comprarem a tecnologia chinesa, mas a União Europeia não aceita fechar as portas à Huawei e outras empresas.

A Casa Branca diz que as empresas chinesas são, na prática, portas de entrada do Governo chinês para os servidores norte-americanos e europeus – e que ter a Huawei a controlar as infra-estruturas da rede 5G na Europa será um grave problema de segurança para os países europeus, mas também para os EUA, por causa da relação próxima entre os dois lados do Atlântico.

Para além da questão tecnológica a dividir os EUA e os aliados europeus, o 70.º aniversário da NATO fica também marcado pela pressão norte-americana para que os países-membros aumentem a sua contribuição financeira para o orçamento da aliança – um aumento para 2%, segundo um acordo feito ainda com o Presidente Barack Obama, ou para 4%, segundo algumas declarações do Presidente Donald Trump.

“Nós não fizemos este acordo para agradar aos EUA”, disse Stoltenberg. “Fizemo-lo porque vivemos num mundo mais imprevisível e incerto.”

À margem da reunião em Washington, os ministros dos Negócios Estrangeiros da NATO falaram também da tensão entre os EUA e a Turquia por causa dos planos turcos para a compra de sistemas anti-mísseis russos S-400 – uma decisão, que a confirmar-se, poderá pôr em risco a segurança dos caças F-35 que os EUA vendem à Turquia.

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